Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior fizeram hoje (30) as primeiras visitas a unidades básicas de saúde de oito capitais, onde participam, desde segunda-feira, do módulo de acolhimento do Programa Mais Médicos.
No Rio de Janeiro, a prefeitura selecionou duas clínicas da família na Ilha do Governador, uma no Complexo da Penha e uma em Vigário Geral, na zona norte da cidade. Os locais são próximos ao Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan), onde estão hospedados os 81 médicos que estão em formação no Rio.
Cerca de 20 médicos foram à Clínica da Família Assis Valente, vizinha às comunidades Parque Royal e Vila Joaniza, na Ilha do Governador. No local, conheceram as instalações e receberam instruções que fazem parte do módulo de acolhimento, com carga horária 120 horas, sendo 40 de português e 80 de temas como legislação, funcionamento e atribuições do Sistema Único de Saúde e doenças prevalentes. Uma das prioridades do curso, segundo o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Paulo Mendonça, coordenador pedagógico do Mais Médicos no Rio, é fazer os médicos entenderem que o país possui realidades diferentes:
"No próprio estado do Rio de Janeiro temos cidades com os melhores índices e com os piores. É uma dificuldade entender isso, porque as pessoas estão acostumadas a uma distribuição de infraestrutura homogênea", explica Mendonça, que acrescenta: "Nesse acolhimento, estamos tentando mostrar exaustivamente o quanto o Brasil é diverso e tem características diferentes. Para quem vai para situações mais extremadas, o acolhimento não para nessas três semanas".
O coordenador pedagógico reconheceu que a estrutura da clínica visitada está acima da média do contexto brasileiro, mas afirmou que a chegada dos médicos mobilizará mudanças nas cidades em que se instalarão: "É claro que estamos vendo tudo novo, tudo bonito e com um conjunto tecnológico mínimo instalado. Estamos numa cidade de 6 milhões de habitantes. É interessante que eles vejam um modelo como esse porque não temos nenhuma razão para achar que ele não é implantável em outros lugares do Brasil".
Com 39 anos de profissão, o clínico geral português Miguel D'Alpuim, de 70 anos, chega ao Brasil para trabalhar na cidade de Gaspar, em Santa Catarina. "Informaram-nos que essa é uma das melhores unidades do Brasil e que o resto será pior, mas a expectativa é boa. É um projeto muito bonito, recompensante e estou satisfeito de estar aqui. A medicina em Portugal está quase parada por causa da crise. Como apareceu essa oportunidade, juntei as coisas".
O brasileiro Emanoel Teixeira, de 28 anos, estava na Argentina há oito anos e voltou ao Brasil para trabalhar na cidade de Capanema, no Paraná. "Pensei que era a oportunidade de voltar para a minha família e ajudar a resolver problemas na saúde pública brasileira. Eu morava perto de Capanema e conheço a realidade do lugar. Sei que falta muito médico e é bem complicado para a população carente a atenção básica à saúde".
Outros módulos de acolhimento estão sendo realizados em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza, simultaneamente. Ao todo, 682 médicos formados no exterior estão participando para começarem a atuar em 16 de setembro. São 400 médicos cubanos, 166 estrangeiros de outros países e 116 brasileiros com diplomas do exterior. Eles atenderão 519 municípios e 16 distritos indígenas.
Edição: Denise Griesinger
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