Da Agência Lusa
Bruxelas – A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, disse hoje (16) que a responsabilidade da "tragédia" no Egito é sobretudo do governo interino e anunciou que os 28 países do Comitê Político e de Segurança da União Europeia vão discutir eventuais medidas de resposta à violência no país.
Catherine Ashton, que considerou o saldo de mortos e feridos "aterrador", explicou, em comunicado, que está em contato com os ministros europeus dos Negócios Estrangeiros, tendo pedido que estudem "medidas apropriadas" para que a União Europeia responda a estes atos de violência.
"A responsabilidade desta tragédia recai muito sobre o governo interino, assim como sobre a classe política do país no sentido mais amplo", disse a alta representante da União Europeia para a Política Externa e de Segurança, na crítica mais direta que dirigiu, até agora, às autoridades egípcias.
Ela apelou novamente para que todas as partes ponham fim à onda de violência, pediu "contenção" às forças de segurança e instou as forças políticas para que "expressem as suas opiniões pacificamente e mantenham aberta a possibilidade de um processo político".
Este processo político, de acordo com a diplomata britânica, deveria levar o Egito "de volta ao caminho da democracia e para a cura das feridas infligidas na sociedade" do país.
A alta representante europeia convocou uma reunião de embaixadores para a próxima segunda-feira (19), para analisar a crise egípcia e equacionar a possibilidade de convocar um encontro extraordinário dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28 países da União.
O atual clima de tensão no Egito teve início no dia 30 de junho, quando diversos setores da oposição promoveram grandes protestos exigindo a deposição do presidente islamita Mohamed Mursi, eleito em junho de 2012 nas primeiras eleições livres no país.
Mursi foi deposto em 3 de julho e detido pelos militares, tendo sido formado um governo de transição, gerando uma série de protestos das correntes islamitas que exigem o seu regresso ao poder e que têm sido reprimida com violência pela polícia e pelo Exército.
Desde quarta-feira que o Egito está envolvido em uma onda de violência, depois de a polícia ter dispersado violentamente os apoiantes do presidente deposto Mohamed Mursi, apoiado pela Irmandade Muçulmana, concentrados em praças da capital egípcia.
Os últimos números oficiais fornecidos pelo Ministério da Saúde egípcio indicam que pelo menos 17 pessoas morreram hoje no Egito em confrontos entre apoiantes de Mursi e forças de segurança e que 182 ficaram feridas.
A Aliança Contra o Golpe de Estado, uma coligação pró-Mursi, disse, no entanto, que pelo menos 45 pessoas foram mortas e 250 foram feridas só na Praça Ramsés, no centro do Cairo, principal ponto de concentração dos manifestantes islamitas.
Brasil manterá embaixada em funcionamento no Egito, diz porta-voz
União Europeia convoca reunião extraordinária para discutir crise no Egito
Chefe de Direitos Humanos da ONU pede fim da violência no Egito
Washington aconselha norte-americanos a abandonar o Egito
Egito diz que polícia está autorizada a usar munição verdadeira contra manifestantes