Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Estudantes de universidades públicas fizeram na noite de hoje (15) um protesto contra a repressão policial, especialmente a manifestações. Cerca de 100 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), saíram da Praça da Sé, centro da capital paulista, e foram até a Praça Roosevelt, onde os manifestantes fizeram uma assembleia para discutir a situação dos estudantes processados ou sob ameaça de sofrer ações judiciais por participar de protestos.
A reintegração de posse da reitoria da Universidade Estadual Paulista (Unesp), no dia 17 de julho, foi um dos principais incidentes que levaram à mobilização dos manifestantes. Na ocasião, 118 estudantes que ocuparam o prédio por um dia foram encaminhados à delegacia após o cumprimento da ordem judicial pela Tropa de Choque. O mobiliário do edifício, que fica no centro de São Paulo, acabou danificado. Os estudantes atribuíram os danos à polícia, o que foi negado pelo comando da PM.
Membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unesp e que estava na ocupação da reitoria, Pedro Bernardes disse que os estudantes haviam feito uma barricada com os móveis. Segundo ele, a Tropa de Choque causou os danos para poder entrar no prédio, inclusive quebrando uma porta. “A gente tem 40 horas de gravação da Mídia Ninja que estava com a gente. Tem a polícia jogando os móveis”, disse o aluno de educação musical. A Mídia Ninja é um coletivo de jornalismo que produz e distribui imagens.
A ocupação ocorreu depois de dias de negociação entre a Unesp e os alunos, que querem mais participação no conselho universitário e medidas de permanência estudantil, como restaurante subsidiado. Atualmente, o conselho, que toma as decisões na universidade, é formado por 70% de professores, 15% de estudantes e 15% de funcionários. “Não há democracia nas instâncias deliberativas da universidade”, reclama Bernardes.
Atualmente a Unesp enfrenta uma greve de 11% de seus funcionários, segundo balanço da própria instituição. São 829 servidores parados e também greves estudantis. O campus de Araraquara, no interior paulista, enfrenta uma paralisação dos alunos de letras e ciências sociais. Em Bauru, além da greve dos estudantes, o restaurante universitário está ocupado. Em Franca, os grevistas ocuparam as salas da diretoria.
Apesar de ter sido levados à delegacia, os alunos presos na ocupação da Unesp em julho não respondem a processo, diferentemente do que ocorreu com os estudantes que ocuparam a diretoria acadêmica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em Guarulhos, na Grande São Paulo. No dia 14 de junho, 22 alunos que participaram da ocupação na instituição federal foram autuados por dano qualificado e formação de quadrilha.
Além das medidas de permanência estudantil, os estudantes da Unifesp queriam aprimoramento da infraestrutura da instituição. Segundo a estudante de ciências sociais, Monique Lupi, que participou da ocupação, parte dos alunos tem aulas em um centro educacional unificado (CEU). “Desde 2007 o nosso prédio oficial não existe. A gente ocupa as salas do CEU da prefeitura que fica do lado da universidade”, reclama.
De acordo com Monique, a maior parte dos processados recusou a transação penal, acordo proposto pelo Ministério Público para interromper a ação penal. “Foi proposto para a gente o pagamento de R$ 400 ou trabalho voluntário. E a gente recusou assumir a culpa, sendo que a universidade não assumiu nada em relação a nossa pauta”.
Edição: Fábio Massalli
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