Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Bogotá – O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse hoje (15) que o processo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) é o que mais avançou dentre todas as tentativas de negociação do fim do conflito desenvolvidas anteriormente no país. A declaração foi feita na abertura da Cúpula da Paz, evento que reúne Santos e os governadores dos 32 departamentos do país em Medellín, capital de Antioquia.
O presidente apresentou aos governadores um panorama do momento atual das negociações em Havana, que atualmente estão discutindo a participação política dos guerrilheiros, o segundo ponto da agenda pré-determinada.
“Neste momento, em Havana, se discute o segundo ponto da agenda de importância crucial, pois é sobre direitos e garantias para o exercício da oposição e para que novos movimentos surjam do acordo final”, disse. Santos repetiu o que vem dizendo quando fala sobre o tema da participação política dos ex-guerrilheiros: “É disso que se trata a paz: de trocar balas por votos”.
As Farc defendem uma reforma política e a convocação de uma Assembleia Constituinte. No entanto, o governo, nega a possibilidade e vem repetindo que se as Farc querem as mudanças que “ganhem as eleições por meio do voto” e façam as reformas sugeridas.
Santos também falou sobre alguns pontos do tema agrário, discutido em Havana, para o qual já houve consenso. Ele sintetizou o que foi acordado, dizendo que o campo precisa de atenção. “O primeiro ponto da agenda, de desenvolvimento rural integral é transcendental e sua aplicação, bem concedida, não é outra coisa que o compromisso de dar ao campo colombiano e à população rural a prioridade que lhes foi negada por décadas”, disse.
Com relação ao tema de reparação e de punição dos crimes cometidos no âmbito do conflito, o presidente disse que o processo busca um balanço entre a aplicação da Justiça a quem infligiu a lei e a possibilidade de reinserção na sociedade. Santos disse que nenhuma pressão ou dificuldade deve “apagar” o propósito inicial de “romper para sempre o vínculo entre a política e as armas”.
O presidente finalizou dizendo que pode ser que nunca haja acordo entre o governo e as Farc sobre modelos econômicos. “Mas, isso não impede que nos ponhamos em acordo quanto ao direito de expressão de nossa diversidade e de nossas diferenças. Isso é possível em uma sociedade democrática e tolerante”. Santos pretende disputar a reeleição no próximo ano, nas eleições presidenciais de maio. O sucesso do processo pelo fim do conflito é considerado essencial para que ele consiga ser reeleito.
Edição: Fábio Massalli
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