Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília – No centro de Brasília, um palco montado para apresentações de dança atraiu a atenção de quem passeava no local. O chamado Palco Livre foi montado durante o 23º Seminário Internacional de Dança e serviu para mostrar o trabalho tanto dos dançarinos que participam do encontro, quanto do público em geral, que quisesse se dançar.
O Seminário Internacional de Dança acontece em Brasília desde o dia 6 e vai até o dia 28 de julho. Participam este ano mais de 200 dançarinos de todo o Brasil e do exterior, que têm contato com especialistas e grandes nomes da dança, além de participar de aulas, concursos e espetáculos. Ao final, os participantes podem ser selecionados para bolsas de estudos no exterior. Nesta edição, serão oferecidas dez bolsas em países como Canadá, França, Espanha, Áustria e Estados Unidos
Gisele Santoro, coordenadora do Dance Brasil e responsável pela organização do seminário, diz que a ênfase é proporcionar uma carreira no exterior aos participantes. "Aqui no Brasil não se tem espaço. Para a dança se desenvolver, precisa-se de uma escola que prepare e de um mercado de trabalho, que é muito pequeno no Brasil. Chega uma idade, em que a família diz para o bailarino: 'está tudo muito lindo, mas agora vai ganhar a vida', e o dançarino acaba abandonando a carreira. Enquanto no exterior, o sistema é diferente e há mais oportunidades".
Entre os participantes do seminário internacional que se apresentaram no palco está Catharina Leocadio. Ela estuda balé clássico desde os 9 anos e hoje, aos 18, veio de Recife para participar das atividades. Ela confirma o que diz Gisele sobre o mercado de trabalho. Segundo ela, o balé clássico, uma dança do século 17, encontra menos espaço ainda. "As pessoas hoje buscam mais as danças contemporâneas". Apaixonada pelo que faz, ela não pretende abandonar a carreira para seguir outra faculdade. Quer continuar estudando dança e vai se esforçar para conseguir uma das bolsas no exterior.
A intenção de Andréa da Hora não é tanto sair do país. Ela é a única do grupo de dança contemporânea Ide com Arte, de Taguatinga, a participar do seminário. A ideia é levar o que aprendeu aos outros dançarinos.
O grupo de dança de rua de Ceilândia, In Steps, também passou pelo palco, com uma coreografia de break. O grupo surgiu de um projeto social do Centro de Orientação Socioeducativo (Cose). Quando o centro parou de oferecer as aulas, Alan Jhone, conhecido como Papel, manteve o grupo, que passou a se reunir no Centro Cultural de Ceilândia. São oito dançarinos que dão aulas para uma turma de 20 alunos da comunidade.
"Escolhemos o break como estilo de dança porque é um tipo de arte, uma intervenção urbana. Para praticar é preciso se superar todos os dias. E isso diz muito da nossa realidade social. Nós que viemos de cidades satélites temos que nos superar", explica Jhone.
Edição: Denise Griesinger
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir o material, é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil