Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai designar um representante especial para acompanhar as eleições e a situação na Guiné-Bissau (África), país que foi alvo de um golpe de Estado em 2012 e em novembro, escolherá novo presidente e parlamentares. O assunto foi discutido pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, em reunião com os chanceleres de Moçambique, Oldemiro Baloi, e dos demais países da comunidade. Todos aprovaram a proposta.
A ideia é que o representante especial acompanhe a evolução dos acontecimentos na Guiné-Bissau até a conclusão do processo eleitoral e o submeta à avaliação dos demais integrantes da CPLP. Há, ainda, a proposta de instalar um escritório de representação da comunidade na Guiné-Bissau para coordenar os esforços internacionais em apoio ao país.
Patriota está em Maputo, em Moçambique, para a 18ª Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A CPLP é formada por Brasil, Portugal Angola, Cabo Verde, pela Guiné-Bissau, por Moçambique, São Tomé e Príncipe, além do Timor Leste. Os chanceles debaterão o tema "Os Novos Paradigmas e o Futuro da CPLP na Era da Globalização".
O ministro brasileiro ressaltou ainda que a agenda de cooperação com Moçambique é “diversificada”. Ele lembrou que várias empresas privadas atuam no país, inclusive, com sede em Maputo. Há projetos em desenvolvimento nas áreas de construção de infraestrutura, extração mineral, energia e hidroeletricidade. Com o governo do Brasil, as autoridades moçambicanas negociam a fábrica de antirretrovirais com o apoio de especialistas de Farmanguinhos, que é a instituição brasileira especializada no campo.
Patriota destacou também os projetos Universidade Aberta, que envolve os moçambicanos nas instituições brasileiras, e Prosavana, desenvolvido no Norte de Moçambique, na área agrícola. “Acreditamos muito no potencial de Moçambique, queremos ser um parceiro fraterno nesse esforço de desenvolvimento de um país que encontrou o caminho da paz, da estabilidade, da democracia e do crescimento econômico também e as taxas de crescimento são elevadas”, disse.
Patriota lembrou ainda que serão tratados durante a reunião do conselho de ministros da CPLP as crises que atingem vários países africanos, como o Egito, Madagascar, o Congo, Sudão e Mali, além da Guiné-Bissau. O chanceler destacou que o Brasil está entre as nações com mais embaixadas em países africanos.
“[O Brasil] deseja que essa presença não seja apenas de representação, mas uma presença com conteúdo, com reconhecimento da especificidade africana e com possibilidade de darmos uma contribuição para a paz, para o desenvolvimento, para o progresso em todas as áreas”, disse.
Nos 17 anos de existência, a CPLP intensificou a articulação política entre os países do bloco, o que resultou em ações concretas de cooperação em áreas como saúde pública, agricultura e formação profissional. O fluxo comercial do Brasil com os países da CPLP cresceu mais de cinco vezes de 1996 a 2012, passando de US$ 740 milhões a US$ 4 bilhões.
Edição: Talita Cavalcante
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