Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Reunidos em Cochabamba (Bolívia), os presidentes Ollanta Humala (Peru), Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai), Rafael Correa (Equador), Nicolás Maduro (Venezuela) e Dési Bouterse (Suriname) aprovaram declaração em que cobram explicações e pedido de desculpas dos governos da França, da Itália, de Portugal e da Espanha sobre o veto ao avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, há três dias.
“Exigimos dos governos da França, de Portugal, da Itália e Espanha que expliquem as razões sobre a decisão de impedir o sobrevoo do avião presidencial da Bolívia em seus espaços aéreos”, diz a declaração. “Da mesma maneira, [exigimos que] apresentem as desculpas públicas correspondentes aos graves fatos ocorridos”, diz o texto denominado Declaração de Cochabamba, divulgado ao fim da reunião extraordinária da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
No último dia 2, o avião de Morales foi proibido de sobrevoar e aterrissar nos espaços aéreos de Portugal, da França, Itália e Espanha porque havia suspeitas de que o ex-agente norte-americano Edward Snowden estivesse a bordo. Morales foi obrigado a desviar a rota e aguardar autorização para seguir viagem, em Viena, na Áustria, onde ficou em terra por cerca de 13 horas. Morales vinha de uma reunião técnica sobre produção de gás na Rússia.
Nos Estados Unidos, Snowden é acusado de espionagem e está na Rússia esperando a concessão de asilo político. O ex-agente denunciou que os norte-americanos monitoravam e-mails e ligações telefônicas de cidadãos dentro e fora do país. Há ainda informações de que comunicações da União Europeia foram monitoradas. O norte-americano pediu asilo a 21 países, inclusive ao Brasil.
A declaração dos presidentes sul-americanos rechaça o que chamaram de “refém” dispensado pelos governos europeus a Morales. Para os líderes da região, houve a violação de normas e princípios básicos do direito internacional. “[Houve uma] flagrante violação dos tratados internacionais que regem a convivência pacífica, a solidariedade e a cooperação [internacionais]”, diz o texto.
Na reunião de Cochabamba, Rafael Correa alertou que a América Latina deve refletir sobre a “gravidade” do ocorrido. Para Mujica, A América latina se sente agredida com o que ocorreu a Morales. “Foi uma ofensa a toda a América do Sul”, disse o presidente do Suriname.
*Com informações da agência pública de notícias da Bolívia, ABI
Edição: Graça Adjuto