Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil
Brasília – A confirmação, pela prefeitura de Goiânia e pelo governo de Goiás, de que o preço das passagens de ônibus não vai mais ser reajustado não foi o suficiente para desmobilizar a sexta manifestação contra a má qualidade do transporte público agendada para hoje (20), no centro da capital goiana. Embora o início do protesto esteja marcado para as 17h, alguns manifestantes já se concentram na Praça do Bandeirante, na região central da cidade. Nas redes sociais, mais de 74 mil pessoas já manifestaram a intenção de participar do ato.
Com a justificativa de prevenir transtornos e preservar a segurança patrimonial e dos servidores, o prefeito Paulo Garcia e o governador Marconi Perillo decidiriam encerrar mais cedo o expediente nas repartições públicas. Com isso, os trabalhadores dos órgãos estaduais que funcionam em Goiânia foram dispensados ao meio-dia. Já os servidores municipais encerraram o expediente às 13h. Os funcionários da Assembleia Legislativa foram liberados por volta das 10h30.
Reforçando a tese de que os protestos contra o aumento das tarifas de ônibus foram o estopim para um movimento popular reivindicatório cuja pauta de reivindicações se tornou muito mais ampla, o Sindicato do Comércio Atacadista no Estado de Goiás (Sinat) convocou os empresários do setor a fechar seus estabelecimentos mais cedo e se juntarem aos protestos.
“Hoje é um dia muito especial para todos os empresários de Goiânia. É a grande chance de levarmos para as ruas também o nosso grito de guerra contra a elevadíssima carga tributária, a desenfreada corrupção em nosso país, a farra irresponsável com o dinheiro público e tantos outros gargalos que fazem de nós, brasileiros, um povo tão oprimido. E de nós, empresários, uma classe tão sugada pelos parasitas de gravatas”, sinaliza a entidade na convocatória em que menciona outras questões, como a violência e a impunidade. “Oportunidades assim levam décadas para se repetir. Vamos todos para as ruas, de branco e na paz”.
Na região metropolitana de Goiânia, o valor da tarifa havia sido reajustado de R$ 2,70 para R$ 3 no dia 22 de maio, motivando alguns dos primeiros protestos contra os aumentos registrados no país. As manifestações levaram o Procon-GO a questionar os cálculos apresentados pelas companhias de ônibus. Em seguida, a entidade ajuizou uma ação civil pública contra a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), obtendo, no último dia 10, uma decisão liminar da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Goiânia que suspendeu o reajuste até que a decisão final sobre o processo fosse anunciada.
Mesmo com a suspensão, milhares de manifestantes continuaram indo às ruas protestar. Ontem (19) à noite, pouco depois do anúncio de revogação dos aumentos de tarifas em São Paulo e no Rio de Janeiro, a prefeitura de Goiânia e o governo de Goiás confirmaram que o valor vai ser mantido em R$ 2,70.
“A decisão ocorre em virtude da ampla mobilização, de caráter democrático, em todo o país, por um transporte de qualidade e de valor acessível. A prefeitura de Goiânia e o governo do estado de Goiás estão convictos de que um pacto entre União, governos estaduais e prefeituras criará mecanismos que garantirão recursos para custeio dessa tarifa”, diz a nota conjunta, divulgada por meio do site do governo de Goiás.
Edição: Juliana Andrade
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