Leandra Felipe
Correspondente da EBC
Bogotá - Desde que foi iniciado o processo de paz em novembro do ano passado entre as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo colombiano, este é o momento mais delicado, em que ambas as partes se mostram com os ânimos mais “acirrados”. A captura de dois policiais colombianos há seis dias, supostamente pela guerrilha, e o desaparecimento de três funcionários de uma empresa de petróleo estrangeira, nessa quarta-feira (30), no departamento de Cauca, no Sudoeste do país, aumentaram a tensão entre as partes negociadoras, que recomeçaram as conversas hoje (31) em Havana, Cuba, depois de um recesso de seis dias.
O chefe dos negociadores das Farc, Iván Márquez, disse que não recebeu nenhuma informação oficial de suas frentes sobre os policiais desaparecidos. “Não temos notícias sobre isso. Mas temos que esperar para ver o que quer o bloco que possa ter executado ação”, disse antes de começar as negociações que esteve em recesso nos últimos seis dias.
Embora negue que tenha dados de suas frentes sobre os policiais, as Farc anunciaram ontem (30) que continuariam a fazer “prisioneiros de guerra” em combate, por entenderem que “isso lhes é de direito”.
A declaração da guerrilha provocou também a resposta do ministro da Defesa da Colômbia, Juan Carlos Pinzón, que hoje de manhã disse que “não responde a bandidos” e reafirmou que a guerrilha tem em seu poder os policiais. “Sim, sabemos que eles estão com vida e pelo que investigamos, estão com as Farc”, declarou.
Sobre os funcionários da petroleira que foram sequestrados, Pinzón disse que ainda não se conhece a autoria do sequestro. “Temos uma forte operação militar na região, mas não podemos afirmar com exatidão, nas mãos de quem estão essas pessoas”, admitiu.
As Farc comprometeram-se a não fazer mais sequestros extorsivos de civis em fevereiro do ano passado. Antes de começar as negociações de paz, o governo e a guerrilha tiveram conversas exploratórias para definir os pontos da agenda que seria discutida, durante pelo menos seis meses. O tema em discussão no momento é a reforma agrária. As reuniões são secretas e o avanço nas negociações não é divulgado à opinião pública.
Edição: Carolina Pimentel
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