Audiência pública discute demolição de escola e do antigo Museu do Índio no Maracanã

12/12/2012 - 17h58

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A demolição de imóveis no entorno do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, foi discutida em audiência pública hoje (12) na Defensoria Pública da União, na capital fluminense. A derrubada dos prédios (o antigo Museu do Índio e uma escola municipal), de acordo com o governo do estado, é para adequar o estádio às exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa) visando à Copa do Mundo de 2014. O local também receberá eventos das Olimpíadas de 2016.

O cacique Carlos Tucano, que lidera um grupo de índios que ocupa o prédio do antigo Museu do Índio, pediu, durante a audiência, que o governo fluminense abra um canal de negociação a fim de evitar a demolição do imóvel. "Assim como o governo quer aquele espaço por ser importante para a Copa do Mundo, para os povos indígenas, ele também é muito relevante. É uma questão de memória dos primeiros habitantes do Brasil. Nós queremos saber do governo propostas, porque até agora não tivemos oportunidades de ouvi-las . Não tivemos esse contato direto ", disse o líder indígena.

O representante do Comitê Popular da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, Gustavo Mehl, criticou a maneira como estão sendo implementadas as transformações em torno do Maracanã. Para ele, o governo estadual deveria ao menos debater com a população as mudanças que estão sendo feitas. "É um projeto arbitrário, uma vez que o governo nem ao menos informou o que estava previsto para as pessoas e para os grupos que se relacionam com o Maracanã . O governo tomou suas iniciativas e todos esses grupos só ficaram sabendo por meio da imprensa, demostrando aí uma postura bastante autoritária" , declarou.

O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), chamou de retrocesso a decisão de demolir o antigo Museu do Índio e a Escola Municipal Friedenreich . "Nenhum país do mundo que sediou uma Copa ou umas Olimpíadas destruiu um museu e uma escola. Essa é uma concepção atrasada e refém dos interesses privados que pairam sobre o Maracanã", disse.

Participaram do debate, além dos representantes indígenas e do Comitê Popular da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, integrantes da Defensoria Pública-Geral do Estado, do Ministério Público Federal (MPF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entre outros órgãos envolvidos.

O governo estadual informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que comprou da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) o imóvel inteiro onde funciona o Museu do Índio e que a demolição visa a abrir espaço para que o futuro complexo esportivo atenda às necessidades de escoamento e circulação de público nos padrões internacionais exigidos por esse tipo de evento esportivo. "Cabe ao governo federal a decisão sobre o que será feito com os índios que ocupam irregularmente o imóvel", diz a nota.

Sobre a escola municipal, o governo disse que ficará a cargo da concessionária que vencer a licitação para administrar o Maracanã fazer todas as adaptações necessárias para a futura acomodação dos estudantes em um novo prédio. "A transferência só ocorrerá quando o espaço estiver totalmente pronto. Portanto, os alunos podem ter total tranquilidade quanto a ter a suas aulas normalmente".

 

Edição: Aécio Amado