Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Amigos das três pessoas mortas a tiros dentro de um bar na noite de quarta-feira (21) no Jardim Boa Vista, zona sul da capital paulista, disseram que quatro policiais militares podem ter sido omissos na chacina. Segundo uma das testemunhas, cuja identidade a Agência Brasil vai preservar por questão de segurança, os PMs estavam nas imediações, mas não fizeram nada para impedir a fuga dos autores dos disparos – dois ocupantes de uma moto. Os quatro policiais que chegaram logo em seguida ao local do crime não ajudaram no socorro às vitimas e ainda recolheram as cápsulas das balas.
“Eles [policiais] estavam na avenida. Eles viram tudo. Os caras [ocupantes da moto] passaram por eles [policiais]. Eles não fizeram nada, porque eles não quiseram. Eles vieram andando pela Rua Albino Correia de Campos bem devagar, muito devagar. E nós gritamos para eles virem rápido, para socorrer [as vítimas] e eles não quiseram”, contou a testemunha à reportagem da Agência Brasil.
Essa testemunha relatou ainda que, após a chacina, que ocorreu por volta das 22h30, os quatro policiais militares entraram no bar para recolher as cápsulas dos tiros. “Eles [policiais] só foram lá, pegaram as cápsulas e foram embora. A única coisa que eles fizeram foi isso. Pegaram [as cápsulas] na cara de pau, na cara dura. Não tiveram vergonha”, declarou.
Outros moradores da rua Albino Correia de Campos e amigos das vítimas confirmam que os policias militares que presenciaram a chacina se omitiram. “Eles ficaram de braços cruzados diante do crime”, disse um outro vizinho.
Um amigo dos mortos conta que precisou usar o próprio carro para levar ao hospital as três pessoas feridas com mais gravidade: a promotora de eventos Luciene Luzia Neves, 24 anos, o tapeceiro Alexandre Figueiredo, 38 anos, e o eletricista de automóveis Marcos Faustino Quaresma, 31 anos. Os três não resistiram.
Segundo ele, os policias militares recusaram-se a prestar socorro aos feridos. “Falamos para a polícia colocar [os baleados] no carro deles, eles não quiseram”, disse. A testemunha contou que se indignou com a recusa. “Eles [policiais] estavam com nojo de sujar o carro deles? Meu carro está todo sujo de sangue, nem quero saber”, revoltou-se.
Todas as testemunhas disseram ainda ter escutado muitos disparos naquela noite. “Ouvi muitos tiros. Chegamos [no bar] e vi que eram os meus colegas que estavam no chão. Cheguei com várias pessoas junto”, declarou.
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Militar para repercutir as acusações e foi informada de que a corporação não recebeu denúncias referentes à suposta ação desses policiais. A assessoria declarou ainda, por meio de nota, que a Corregedoria de PM precisa receber, mesmo que de forma anônima, as acusação para que possa ser feita uma apuração circunstanciada.
Edição: Denise Griesinger