Aline Leal
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Rosana Castro tem 24 anos e há dois meses acompanha, seis dias por semana, seu marido, Aparecido, de 28 anos, na Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de Apoio do Distrito Federal. Ele tem câncer e os médicos informaram ao casal que não há mais procedimentos a serem realizados para a cura. Receber o encaminhamento para a unidade, vista como o último estágio antes da morte, foi uma notícia difícil para Rosana.
“No outro hospital entendi que ele não tinha mais tratamento. Só quando chegamos aqui entendi que a gente vinha para aliviar o sofrimento dele”, diz Rosana, que no começo não aceitou muito a notícia por considerar que seu marido é um homem jovem, mas, depois de muita conversa com os profissionais, foi se fortalecendo.
“Aqui tenho visto coisas que jamais pensei que veria com calma. Agora eu aceito mais. O que eu posso fazer eu faço. Todo mundo junto [equipe da enfermaria], a gente consegue passar por essa fase. Aqui é tão aconchegante que a gente se sente em casa, não parece hospital”.
Para a médica Anelise Pulschen, coordenadora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de Apoio do Distrito Federal, este trabalho deve ser estendido à família porque ela também passa pelas fases de negação, barganha, raiva, depressão e aceitação pelas quais passa um doente terminal.
“Nós como equipe podemos ser facilitadores desse processo para que eles possam sair e entrar em cada fase dessas e chegar na aceitação, que é a esperada por todos nós. Aceitação plena, e não apenas resignação. Às vezes a família vive mais essas fases do que o paciente. Às vezes o paciente já está até em paz, tranquilo, mas a família ainda não. A partir do momento em que a família é acolhida, também é escutada, também recebem a permissão pra viver todas as fases”, disse a médica.
Edição: Fábio Massalli