Aline Leal
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A resolução que torna possível o testamento vital, publicada no último dia 31 de agosto, colocou os cuidados paliativos em evidência no Brasil. A decisão tomada pelo Conselho Federal de Medicina levou à discussão sobre como cada um quer ser tratado em um eventual estado terminal.
“Essa questão de agora deixar disponível ao público geral esse tipo de informação [testamento vital] gera uma demanda de reivindicação. Eu quero ter uma boa qualidade de morte, uma boa qualidade de morrer. Uma vez que você gera isso, as pessoas começam a perceber o que o sistema de saúde me fornece para ter uma qualidade de morte ou uma qualidade de saúde mesmo”, explica Renato Rodrigues, enfermeiro da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de Apoio do Distrito Federal.
“Se eu falar em qualidade de morte eu tenho que falar de uma qualidade de saúde ainda de cura. A gente vê pacientes que chegam em estado gravíssimo porque deixaram de receber o mínimo necessário. O sofrimento fazia com que o paciente se aproximasse da morte e não a doença em si”, disse Rodrigues.
Para Dalva Yukie Matsumoto, diretora da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, ter esses cuidados antes da morte é um direito que todo cidadão tem. “Pela Constituição, nós temos direito à uma vida digna e os cuidados paliativos dizem que a morte faz parte da vida. Então se a morte faz parte da vida, o cidadão tem direito também à uma morte digna.”
Segundo Dalva, morte digna, na avaliação do cuidado paliativo, é uma morte em que você tem o controle adequado dos sintomas, tem o sofrimento acolhido, possa ter escolhas e possibilidade de escolhas e possa estar do lado de seus entes queridos. “Então eu acho que morrer dignamente é morrer da forma mais natural possível, podendo escolher a forma e tendo acesso a um local, a medicamento a uma equipe que seja adequada para atender às suas necessidades”.
Nas maioria das alas de cuidados paliativos não existem restrições de visitas, todos são bem vindos e o paciente não precisa seguir uma dieta rigorosa. “Ontem uma paciente estava desejando comer uma galinha caipira no meio da tarde. Fomos atrás, não encontramos, mas para o almoço de hoje deu certo”, disse Anelise Pulschen, coordenadora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de Apoio do Distrito Federal
Edição: Fábio Massalli