Emerson Penha
Correspondente da EBC na África
Maputo, Moçambique – Uma nova tragédia humanitária começou neste ano na África: sem água ou comida, dezenas de milhares de pessoas estão fugindo de suas terras e abandonando tudo – casas, gado e cisternas - no território do Azawad, recentemente declarado pelos rebeldes tuaregues (povos nômades do deserto) como estado independente do Mali.
Caminhando no Deserto do Saara por dias, os refugiados cruzam as fronteiras do Níger e de Burkina Faso e amontoam-se em cidades de lona recém-surgidas na paisagem desértica. Já são 195 mil refugiados malineses nos países vizinhos, segundo a Comunidade dos Estados do Oeste Africano (Ecowas).
Desde o golpe de Estado ocorrido em março na capital do Mali, Bamako, quando foi tirado do poder o presidente Amadou Toumani Touré, a instabilidade política provocada pela junta militar que assumiu o governo permitiu que os rebeldes tuareguestomassem dois terços do país, na região do Azawad, no Norte.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, fez um protesto formal nesta semana, denunciando que os saques promovidos pelos rebeldes nas aldeias da região são agravados por milhares de casos de estupro, torturas e execuções sumárias de civis.
Os rebeldes tuaregues, que admitem receber armas usadas recentemente nas revoltas na Líbia, destruíram e pilharam prédios históricos em Timbuktu, cidade do Deserto do Saara construída no século 12 e considerada Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
De acordo com a ONU, também há fortes suspeitas de que os tuaregues – em sua maioria radicais muçulmanos – estejam abrigando em seu território integrantes de organizações terroristas internacionais.
Edição: Fábio Massalli