Economista do Banco Mundial diz que América Latina poderá ter dificuldade de manter atuais níveis de crescimento

10/08/2012 - 21h13

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A América Latina está entrando em uma nova etapa, em que as capacidades dos países de crescer a taxas elevadas encontram restrições e as limitações de eficiência microeconômica começam a pesar mais, avalia o economista-chefe do Banco Mundial (Bird) para a América Latina, Augusto de la Torre.

O economista comparou o atual momento com o que chamou de década “memorável”, na qual o crescimento, o progresso social e a estabilidade macroeconômica produziram resultados além do esperado na região. Ele participou hoje (10) do seminário Para Onde Vai a Economia da América Latina?, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), no Rio de Janeiro.

“O mundo se complicou. Os ganhos obtidos pelos diferentes países latinos nos últimos dez anos foram aproveitados pelas boas políticas, mas vieram facilmente, sem muito sacrifício, porque havia muitos ventos a favor”, disse o economista.

Segundo ele, agora os países da região talvez venham a enfrentar ventos contrários e um mundo mais volátil. O cenário é de desafio para o crescimento e o progresso social, onde se deve priorizar a necessidade de reformas. “Um tipo de reformas, cujos efeitos são de longo prazo. São reformas que não são tão apetecíveis para os nossos políticos, que querem fazer coisas que têm resultados rápidos”.

A principal reforma, na visão do economista, é a da educação. “Precisamos ir mudando a estrutura de oportunidades na região”. Ele observou que a América Latina continua sendo uma região em que a família influencia no futuro da pessoa, o que pesa na mobilidade social entre gerações.

Para o economista, a única maneira de romper esse entrave é fazendo com que as economias da região ofereçam igualdade de oportunidades, independentemente de classes sociais ou de origem. “Isso requer mudar os sistemas educativos, desde a pequena infância até a universidade, para que a população jovem tenha opções”.

O economista disse que os países devem perseguir também o aumento da produtividade que não seja baseado somente em commodities, uma característica dos países latino-americanos.


Edição: Rivadavia Severo