Plenário de comissões do Senado argentino votará projeto de expropriação da YPF até quinta-feira

17/04/2012 - 22h07

Da Telam

Brasília – Três comissões do Senado argentino começaram a analisar hoje (17) o projeto de lei do Executivo que estabelece a expropriação de 51% do capital social das ações da petrolífera espanhola YPF. Foi decretada uma intervenção na empresa por 30 dias, período no qual o ministro do Planejamento, Julio De Vido, será o responsável pela empresa.

Além de De Vido, participaram da audiência no Senado o vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, e o ministro do Interior, Florencio Randazzo.

A intenção do bloco governista Frente para a Vitória é fazer com que o projeto do governo apresentado ontem (16) tramite rapidamente no Senado, onde seria aprovado na próxima semana para, assim, seguir à Câmara dos Deputados.

O projeto está sendo analizado pelas comissões de Assuntos Constitucionais, de Orçamento e Fazenda e de Minas, Energia e Combustíveis. Os governistas têm maioria nas três comissões, sendo duas delas presididas por senadores da Frente para a Vitória. Já a Comissão de Minas, Energia e Combustíveis é presidida por Horacio Lores, do Movimento Popular Neuquino, também da base aliada.

Segundo fontes legislativas, a expropriação será discutida no plenário das comissões amanhã (18) e na quinta (19), para que o plenário do Senado vote a proposta até o dia 25.

O projeto do governo estabelece a expropriação de 51% das ações da YPF, das quais o Estado terá 26,01% do total e as províncias produtoras, 24,99%. Assim, o Grupo Petersen manterá em seu poder os 25,46% atuais; em poder do mercado ficarão 17,09% das ações e, nas mãos da Repsol, a petrolífera espanhola que detém o controle da YPF, ficará 6,43% do total, contra os 57,43% atuais.

Na Bolsa de Nova York, foram suspensas as negociações de ações da YPF, no momento em que a petrolífera se desvalorizava a 11,16%, com ações a US$ 19,59. Na Argentina, governadores de províncias, parlamentares, sindicalistas e dirigentes políticos e sociais, em geral, aprovam a decisão do governo de Cristina Kirchner de expropriar a YPF.

A medida tem a total aprovação dos governadores das províncias petroleiras da Argentina, com os quais o novo interventor, o ministro De Vido, reuniu-se hoje, ao lado do vice-ministro da Economia, Axel Kicillof. Segundo Kicillof, com a intervenção estatal na petrolífera, o governo revisará as cifras sobre o valor da companhia. Ele disse ainda que os diretores da companhia manipulavam esses dados como “informação secreta e de maneira imprudente”.

"Estamos em condições de dizer que os números tratavam do valor da companhia de maneira imprudente e vão ser revisados à medida que vamos conhecendo as informações secretas que a empresa manejava”, disse aos parlamentares no Senado.

Já De Vido disse que é mentira que “não há companhias que queiram investir no país” e afirmou que o governo argentino quer converter a YPF em uma empresa “pujante”, a partir da intervenção. Segundo ele, o déficit energético da Argentina “se encontra estreitamente associado à política desenvolvida pela acionista Repsol”. Ele acusou a empresa espanhola de implementar um nível de investimentos insuficiente no setor.

O ministro do Planejamento destacou, ainda, o "entusiasmo e as expectativas" que surgiram nas províncias produtoras de petróleo com o projeto de expropriação, já que, agora, elas “veem que têm a possibilidade de reverter a lógica negativa” que vinha se desenvolvendo como política da empresa Repsol na YPF.