Moradores da Nova Luz participam de projeto social

28/01/2012 - 17h59

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Durante o dia de hoje (28) moradores da região da Nova Luz e de rua da região contaram com um espaço onde puderam encontrar diversos serviços públicos, de saúde, higiene e beleza, além de atividades culturais e orientação jurídica. A ação faz parte do Projeto da Cidadania e foi desenvolvida na Praça Júlio Prestes, próxima da região conhecida como cracolândia, onde milhares de dependentes químicos permaneciam usando drogas e por onde começou a Operação Integrada Centro Legal.

Um dos serviços prestados foi a Carreta da Saúde, idealizada pelo diretor do Centro de Integração de Educação e Saúde (Cies), Roberto Kikawa, que leva às diversas regiões atendimento especializado na área do câncer. Durante o projeto o atendimento foi adaptado para os dependentes químicos com o objetivo de detectar o estado de saúde dessa população e encaminhá-los para o tratamento adequado quando necessário. “Temos uma psicóloga aqui que trabalha com dependentes químicos. Estamos atentos à parte cardiológica, oftalmologia, glicemia, pressão e um exame clínico para fazer um atendimento mais efetivo”.

A secretária estadual de Justiça e Cidadania, Eloisa de Sousa Arruda, reforçou que a ação visa a resgatar a região da Nova Luz e chamar a atenção dos moradores que há anos não têm o direito de usar o espaço público com liberdade tenham um dia alegre. Ela lembrou que a ação está associada à retirada dos dependentes químicos das ruas. “Esses dependentes químicos estão sendo procurados pelos agentes de saúde e assistência social para que sejam encaminhados para eventuais internações e felizmente temos vários casos de pessoas que concordaram em ser internadas”.

Eloisa destacou que as pessoas ainda estão desconfiadas de toda a ação devido ao convívio com a situação de criminalidade, mas a ideia é fazer com que os moradores entendam que podem usufruir do espaço que é deles. A secretaria garantiu que as autoridades estão atentas para que outras cracolândias não surjam pela cidade. “Nós estaremos atentos para que novos aglomerados humanos envolvendo traficantes e dependentes químicos não mais aconteçam”.

De acordo com balanço da Secretaria, desde o dia 3 de janeiro quando começou a Operação Integrada Centro Legal foram internados para tratamento 155 dependentes químicos e 1.123 foram encaminhados para serviços de saúde. Foram feitas 10.677 abordagens sociais, de saúde e por guardas municipais. O número de prisões em flagrante chegou a 191 e foram capturados 48 condenados pela Justiça. A quantidade de drogas apreendidas chegou a 63,5 quilos.

Marcela de Paula dos Santos, 27 anos é usuária de drogas desde os 7 anos de idade e mora na rua há 20 anos. Recentemente resolveu sair da cracolândia e pedir ajuda. Desde então tem passado os dias e as noites em um albergue. “Estou há 15 dias sem fumar crack. Está sendo difícil, porque depois de 20 anos, parar é complicado. Mas eu vou conseguir porque estou tendo ajuda e é só ocupar a mente para não pensar na droga”.

Marcela contou que está sendo apoiada por uma assistente social do governo estadual e que já está procurando escola e quer fazer cursos para trabalhar e ter uma vida mais regrada. “Eu quero parar de usar droga. Não desejo essa vida para ninguém. Minha primeira pedra de crack foi minha mãe quem me deu e ela continua na cracolândia. Já sofri violência de todos os tipos na rua”. Marcela considerou positivo o trabalho feito pelo governo do Estado e disse que estava ali para tirar seus documentos e assim poder dar andamento aos seus projetos.