Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Apesar da alta da inflação nos últimos meses, o Ministério da Fazenda informou que há espaço para o Banco Central (BC) reduzir os juros até o fim do ano. A avaliação consta do boletim Economia Brasileira em Perspectiva, divulgado a cada dois meses pela Secretaria de Política Econômica, com estimativas para a economia.
De acordo com o boletim, o agravamento da crise econômica mundial pode criar condições para que os preços internacionais deixem de subir. Sem a pressão dos preços das commodities (produtos primários com cotação no mercado internacional), a inflação pode ceder nos próximos meses.
No fim do mês passado, o Banco Central reduziu a taxa Selic, que indica os juros básicos da economia, de 12,5% para 12% ao ano. No sistema de metas de inflação, adotado pelo Brasil, os juros são usados para controlar a alta dos preços. Taxas elevadas incentivam a poupança, desaceleram a economia, dificultam o crédito e reduzem a demanda. Taxas mais baixas, ao contrário, estimulam o crédito e o consumo. Mas o ministério da Fazenda acredita que é possível manter a trajetória de queda da inflação mesmo com taxas de juros mais baixas.
"Há espaço para a política monetária agir. Se houver continuidade da piora da crise global, o Banco Central está em condições de agir com política monetária expansionista [redução de juros], respondendo a uma possível 'virada' [retração] na economia", destacou o documento.
Segundo o relatório, durante a crise de 2008 e 2009, os juros brasileiros estavam, em média, em 11,3% ao ano. A taxa média recuou para 9,9% ao ano em 2010 e, este ano, subiu para 11,8%. Analistas de mercado estimam que a Selic fechará 2011 em 11% ao ano.
Em relação à inflação, a Fazenda aposta na queda do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). "Uma desaceleração nos índices [de inflação] é esperada para os próximos meses". E destaca a projeção do Banco Central de que a inflação anual ao consumidor deve terminar 2011 em 5,8%, "acima do centro da meta (4,5%), mas abaixo do limite superior de 6,5%", como ressaltou o documento.
As expectativas da Fazenda não combinam com as do setor financeiro. Segundo o boletim Focus (pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central), as instituições financeiras preveem que o IPCA encerre o ano em 6,46%, muito próximo do teto de 6,5%.
Edição: Vinicius Doria