Danilo Macedo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Sem conseguir obter até agora os resultados esperados com o apoio ao setor, o governo anunciou hoje (25) a ampliação das medidas para recuperar o valor pago aos produtores pelo arroz, um dos poucos alimentos de grande consumo que não pegaram carona no momento de alta dos preços das commodities agrícolas. A meta é incluir nos estoques públicos todo o excedente produzido e ainda aumentar as exportações em 600 mil toneladas, criando um déficit no mercado de 592 mil toneladas.
“O foco do governo é enxugar esse produto do mercado. Quanto mais dificuldade [o mercado] tiver para encontrar o produto para comprar, mais rápido os preços vão subir”, afirmou o secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, durante entrevista no Ministério da Agricultura (Mapa). Atualmente, o rizicultor está vendendo a saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul por cerca de R$ 19, enquanto o preço mínimo estabelecido pelo governo é R$ 25,80.
Dados do governo mostram que o estoque de arroz ao final da safra 2010/2011 terá 2,498 milhões de toneladas, sendo que 1,1 milhão de toneladas já fazem parte dos estoques públicos. Este ano, foram feitos leilões de contratos públicos de opção de venda para 520 mil toneladas e autorizada a aquisição direta de 360 mil toneladas pelo governo. Hoje, o governo anunciou que fará leilões de contratos públicos de opção de venda para mais 500 mil toneladas.
Com essas medidas, os estoques de arroz em armazéns oficiais pode chegar a 2,48 milhões de toneladas, restando 18 mil toneladas do cereal no mercado. O governo conta, no entanto, que conseguirá apoiar a exportação de mais de 600 mil toneladas, além das 900 mil toneladas previstas no início da safra, gerando, assim, um déficit de 592 mil toneladas de arroz no mercado brasileiro. Para incentivar as exportações, foram anunciados hoje leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) para até 500 mil toneladas.
Segundo o secretário de Política Agrícola do Mapa, José Carlos Vaz, as novas ações são uma resposta firme ao mercado, que “acha que o governo está brincando”. Vaz e Bittencourt também anunciaram leilões de contratos de opção privada para 500 mil toneladas de arroz. Para evitar que os preços ao consumidor subam mais do que o previsto, o governo deve comercializar parte de seus estoques.
Para tentar reverter a forte depressão de preços que vive o mercado de arroz, um produto com pequeno mercado de exportação, já que a maioria dos países produtores consome toda sua safra, o governo está apoiando, no ciclo 2010/2011, a comercialização de 3,65 milhões de toneladas do cereal, a um custo de R$ 1,1 bilhão. Dentro disso, as medidas anunciadas hoje atingem 1,5 milhão de toneladas e custarão ao governo R$ 427 milhões.
Segundo Vaz, o setor de arroz está vivendo um problema conjuntural, com queda de preços também em outros países, e estrutural. Enquanto a produção aumentou 18,5%, o consumo interno tem se mantido estável. Uma das razões, de acordo com Bittencourt, pode ser a melhoria da renda dos brasileiros que acaba provocando uma diversificação dos alimentos consumidos.
Por isso, será criado um grupo de trabalho para discutir ações estruturais para as próximas safras. A ideia é reunir os governos federal e do Rio Grande do Sul, a iniciativa privada e representantes dos produtores para debater novas destinações para o arroz, custo de produção, otimização da área plantada e atividades e cultivos alternativos.
Edição: João Carlos Rodrigues