Poluição do ar leva governo fluminense a embargar obras da unidade de produção de aço da CSA

10/05/2011 - 18h39

Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - As obras de construção da unidade de Santa Cruz, da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), estão embargadas, a partir de amanhã (11), pela Secretaria do Ambiente fluminense. A construção da unidade é para aumentar em mais um terço a produção de aço da usina.

Ao anunciar o embargo, o secretário Carlos Minc disse hoje (10) que as obras só serão retomadas depois que a CSA resolver os problemas que causaram a poluição do ar, entre eles o da falta de cobertura e exaustão no local onde é depositada parte do material da produção de aço. Essa falha, segundo Minc, é apontada como uma das principais causas das emissões de nuvens de prata que foram registradas em agosto e dezembro de 2010 na região de Santa Cruz, bairro da zona oeste da cidade.

O secretário do Ambiente disse ainda que, além do embargo de obras, a CSA tem agora um mês para começar a construir uma área emergencial para evitar que novas emissões de poeira de grafite cheguem às comunidades vizinhas. Carlos Minc afirmou que, caso a companhia não cumpra esse prazo de início das obras, a licença ambiental que permite as operações da usina será suspensa.

“Ela vai ter que paralisar sua produção. Eles estão cometendo vários erros e agora a gente resolveu dar uma engrossada forte. Se, em um mês, não começar a obra pra resolver o problema mais grave, que é esse posto de emergência, que joga a tal nuvem de prata, com ferro e carbono para cima da casa das pessoas, aí parou!”, alertou Minc.

Esta é a terceira vez que a Secretaria do Ambiente aciona a CSA por causa de problemas de poluição que, desde o ano passado, tem prejudicado os moradores do bairro de Santa Cruz. A usina já foi multada em cerca de R$ 18 milhões e obrigada a investir em equipamentos de saúde para os moradores da região, entre eles, a construção de centros de referência de saúde e policlínicas do Programa Saúde da Família.

“Nós, do órgão ambiental, não queremos inviabilizar. Agora, tem que se adequar às leis brasileiras. Agora estamos dando o xeque-mate! Ou se arruma ou não vai continuar”, avisou o secretário.

As atividades da companhia e as emissões locais passaram a ser monitoradas hoje por câmeras que transmitem imagens em tempo real para o Instituto Estadual do Ambiente (Ines). Segundo Carlos Minc, “no passado houve minimização do impacto real do que estava acontecendo. Agora temos um espião ecológico que está lá dentro, e ninguém mais vai enrolar a gente. Quando tiver um problema real vamos saber online, e vamos tomar as medidas adequadas”.

O secretário também anunciou o início de uma auditoria sobre a saúde da população do entorno da usina e dos trabalhadores da empresa. “Essa é uma segunda auditoria. Os itens foram levantados pela Secretaria de Estado do Ambiente e pela Secretária de Estado de Saúde e Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz]. São seis pontos importantes sobre a saúde do trabalhador e da população do entorno, das doenças que aumentaram e quais as medidas de controle que devem ser adotadas para não expor a população e os trabalhadores a nenhuma doença originada das emissões da CSA”, disse.

 

Edição: Aécio Amado