Protesto de moradores marca um ano da tragédia do Morro do Bumba em Niterói

06/04/2011 - 20h23

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Um ano após a tragédia que deixou 56 mortos no Morro do Bumba, em Niterói, moradores de vários bairros atingidos pelas chuvas de abril de 2010 protestaram hoje (6) pela falta de repasse do aluguel social e a demora na construção de casas para os desabrigados. Os manifestantes seguiram em passeata até a Câmara dos Vereadores e depois se concentraram em frente à prefeitura.

A reclamação mais frequente é a de atraso ou simplesmente o não pagamento do aluguel social, no valor de R$ 400, para quem teve a residência destruída ou interditada. “Eu tive que voltar para minha casa, que está em área de risco, porque nunca recebi um tostão da prefeitura”, disse a aposentada Arlete Cordeiro, moradora do bairro Barreto.

Caso semelhante ao da também aposentada Maria Angelina Pureza, do bairro Baldeador, que precisou deixar sua casa, interditada pela Defesa Civil, e agora tem que pagar aluguel. “Nunca recebi nada da prefeitura. Pago R$ 250 de aluguel e com o dinheiro que recebo de pensão acabo passando fome”.

O presidente da Associação das Vítimas do Bumba, Francisco Ferreira de Souza, afirmou que o repasse de 3,2 mil alugueis sociais é insuficiente para atender a todas as vítimas das enchentes na cidade, que ele calcula em cerca de dez mil no total. “Só no Bumba tem 20 famílias que não estão recebendo o aluguel social. E muitos estão voltando - pelo atraso no repasse do dinheiro - para morar em área de risco”, denunciou o líder comunitário.

A prefeitura de Niterói informou, por meio de nota, que vem pagando, desde maio do ano passado, aluguel social para 3,2 mil famílias, com recursos repassados pelo governo do estado. Os moradores que não receberam o benefício, segundo a prefeitura, estariam com a documentação pendente, que deve ser encaminhada para o Setor de Gestão de Crise. Informou, ainda, que o prefeito Jorge Roberto Silveira assinou um novo termo de cooperação que permitirá a continuidade no pagamento por mais nove meses.

 

Edição: Aécio Amado