Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Obras raras, bancos de dados internacionais, coleção de acessibilidade em áudio e volumes em multimeios, como CDs, DVDs e microfilmes. Esses são alguns dos serviços oferecidos pela Biblioteca do Senado Federal, em Brasília, que permite o acesso ao público em geral, no período da manhã.
Ao todo, o acervo da biblioteca, que leva o nome do acadêmico e ex-senador Luiz Viana Filho, envolve mais de 500 mil volumes entre dicionários, enciclopédias, livros e periódicos. Cerca de 60% das obras são relacionados ao campo do direito e os 40% restantes estão focados, principalmente, em ciências sociais. O objetivo principal da biblioteca é atender às necessidades de consultas de senadores e assessores técnicos.
“Desde a formação original da biblioteca, ela tem como orientação principal dar apoio ao Senado e ao Congresso Nacional. Nós somos uma biblioteca parlamentar”, esclarece a diretora, Simone Bastos Vieira.
O atrativo principal, contudo, fica por conta do acervo de obras raras. A biblioteca foi criada em 1826, durante o Império – a segunda do país a ser criada, ainda no Rio de Janeiro – e recebeu todos os documentos importantes que contam a história do Brasil, desde o período em que era uma colônia portuguesa.
“São documentos da Guerra do Paraguai, o Tratado de Tordesilhas, coisas que significavam as relações internacionais do Brasil naquela época. Existe ainda um material sobre a Missão Cruls, que só a biblioteca tem”, conta Simone. A Missão Cruls foi a primeira iniciativa para mudar a capital para o Planalto Central. O então presidente, Floriano Peixoto, nomeou a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, que fez a demarcação do Distrito Federal e a comitiva levou o nome do seu chefe, o astrônomo de origem belga Luís Cruls.
O documento mais antigo da biblioteca é o Novvus Orbis, obra de 1630 que descreve a chegada dos holandeses na América. Ele e outros 249 volumes considerados mais relevantes estão digitalizados e disponíveis para consulta na internet.
Eles formam a primeira parte do projeto de digitalização das 6.400 obras raras da biblioteca. Inicialmente, 250 volumes passaram por um processo de restauração. Agora, eles estão disponíveis para serem consultados no site da instituição. Estão entre elas também o Voto das Graças, do escritor e ex-senador José de Alencar.
Trata-se de um discurso proferido por ele em seção plenária de 20 de maio de 1873. “Nós solicitamos a consultoria de um historiador especialista em Brasil e ele selecionou as obras mais importantes para a história do país e do Parlamento”, conta Simone. A partir de maio, mais 250 volumes terminarão de ser restaurados e digitalizados.
Quem entrar no site da Biblioteca do Senado Federal poderá ainda acessar os códigos brasileiros em áudio. Dessa forma, garante a diretora, quem não enxerga ou tem problemas de mobilidade que atrapalham a leitura pode ouvir cada artigo dos códigos.
Há ainda 50 bases de dados internacionais, banco de notícias eletrônicas com os principais jornais do país e uma coleção de recortes de jornais. A coleção conta com 55 mil exemplares e 2,7 milhões de artigos, de 12 jornais brasileiros desde 1974.
O atendimento ao público, contudo, é reduzido, só disponível pela manhã. Além disso, para quem não é funcionário do Senado ou senador, não há empréstimo de obras, apenas consulta nas dependências da biblioteca. Os funcionários do Senado podem utilizar a biblioteca também no período da tarde.
Mesmo assim, cerca de 300 pessoas circulam todos os dias pelo local e a diretora alega que os 90 funcionários que a instituição possui não são suficientes para fazer o atendimento e manter todos os projetos em funcionamento. “A biblioteca do Congresso americano tem 2.400 funcionários. Dá pra ver a diferença.”
Edição: Lana Cristina