Camila Vassalo
Da Agência Brasil
Brasília - O Mapeamentoda Cobertura Vegetal do bioma Pampa, apresentado nesta semanana Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), trazinformações detalhadas sobre os tipos de vegetaçãoque ainda estão conservadas, assim como as áreasalteradas pelo uso humano nesta região.
A Regiãodo Pampa corresponde a um dos centros de maior biodiversidade deespécies vegetais campestres de todo o planeta, com 3 miltipos de plantas, das quais 400 são de gramíneas depequeno porte, que são utilizadas para pastoreio do gado.Existem também cerca de 90 especies de mamíferosterrestres identificados, entre eles tatu, graxaim, sabiá epica-pau do campo.
O bioma Pampa ainda não tinha um mapeamento desse tipo. Para o Ministério do Meio Ambiente (MMA), é um trabalho importante, por ter demonstrado que ainda restamformações vegetais nativas, que representam 41% do que existia originalmente. O restante foi ocupado por agricultura, silvicultura e pastagensplantadas, disse o coordenador do Núcleo do NúcleoMata Atlântica e Pampa do Ministério do MMA, Wigold Bertoldo Schäffer.
Segundo ele, o Brasil tem como meta proteger pelo menos 10% de cadaum dos biomas em forma de unidade de conservação, e o Pampa é o que tem o menor índice protegido atéo momento. Um bioma é uma comunidade biológica, ou seja, fauna e flora e suas interações entre si e com o ambiente físico: solo, água e ar.
"Nós temos aproximadamente 6% em unidade deproteção integral e cerca de 3%, se somarmos as unidadesde uso sustentável, ou seja, estamos com uma defasagem deunidade de conservação no Pampa de pelo menos 7%, informou Schäffer.Deacordo com o diretor da Diretoria de Unidade de Conservaçãode Proteção Integral do Instituto Chico Mendes deConservação da Biodiversidade, Júlio Gochorosky,os mapas servirão de base para o planejamento regional, adefinição de políticas públicas, apesquisa científica, a promoção do usosustentável, o licenciamento e a fiscalizaçãoambiental, bem como a definição de áreasprotegidas. Trata-se de um estudo inédito elaboradopelo Ministério do Meio Ambiente, em parceria com aUFRGS. Iniciado em 2004, o mapeamento foi feito peloDepartamento de Ecologia da UFRGS. Gochorosky ressaltou que, ainda que obioma Pampa tem a menor cobertura de proteção por parte das unidades de conservação federais, é precisoidentificar as áreas-chave para conservação do bioma, e principalmente aumentar a proteção da área."Existem várias ameaças sobre o biomaPampa, que não se restringe àimagem de pradarias e campos de pastagem - o bioma é muitomais que isso. Existem matas, áreas de galerias, uma sériede feições que definem exatamente o que é aregião de pampa, que se inicia na altura de PortoAlegre e vai até as fronteiras com o Uruguai e a Argentina."Dentro de um dos campi da UFRGS,está sendo proposta a criação de 400 hectaresde uma unidade de conservação, que ficaria em pleno centrode Porto Alegre e tem as características do Pampa. "Isso demonstra exatamente que o Pampa é muito mais quepradarias e sofre sérias ameaças, não só dealteração da sua vegetação parapastoreio, mas também da chegada das plantaçõesde pinhos na região, o que tem crescido muito", acrescentou.
Segundo o professor HeinrichHasenack, da UFRGS, ametodologia utilizada para fazer o Mapeamento do Bioma Pampa ésimilar à utilizada pelo Projeto Radam Brasil na década de 70para mapear a vegetação. "Isso significa que nósmapeamos hoje, embora com algum detalhamento medológicodiferente, a vegetação do anode 2002 com as mesmas unidades de vegetação utilizadashá 40 anos.”
ParaHasenack, esse estudo permitirá que estudiosos identifiquem eavaliem o quanto a região perdeu em coberturavegetal e animal.O bioma Pampa vai de São Borja, nafronteira oeste do Rio Grande do Sul, passando pela regiãocentral do estado, até a praia de Torres, no litoral norte.Abrange ainda a Campanha gaúcha, passando pela Lagoa dos Patose Reserva do Taim, até o Chuí, no extremo sul do país.