Irene Lôbo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Luiz Pinguelli Rosa, que presidiu a Eletrobrás, disse que as privatizações estão diretamente ligadas ao fato de, no Brasil, a tarifa de luz estar entre as mais caras do mundo. “Quando houve as privatizações, criou-se uma regulamentação que é supervisionada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que deu a essas empresas o direito de corrigirem seus valores por índices de variação acima da inflação geral do país”, lembrou.Os principais prejudicados, de acordo com Pinguelli, foram os consumidores residenciais. Além de pagarem as tarifas, eles foram onerados com uma série de encargos, como o seguro-apagão. A taxa foi criada em 2001 (época do racionamento de energia elétrica), com o objetivo de comprar geradores emergenciais, e extinta em dezembro de 2005. Também foi cobrado do consumidor o ressarcimento feito às empresas distribuidoras pelas perdas com o racionamento.“Isso tudo onerou muito a tarifa elétrica. Tirando a camada de renda muito baixa protegida por uma tarifa social, a classe média em geral e os consumidores que têm um certo nível de consumo e pertencem àquelas classes ainda de renda muito baixa que já tem famílias de certo tamanho estão pagando muito pelo quilowatt-hora", conclui Pinguelli.A comparação entre as tarifas mundiais foi feita no estudo internacional “Key World 2004”, da Agência Internacional de Energia (AIE). No caso do Brasil, a base foi a tarifa divulgada pela Aneel em 2004, que foi convertida para o dólar, quando cada dólar valia R$ 2,4. Considerando a conversão, a tarifa brasileira só ficou mais barata que a de nove países: Suíça, Bélgica, Itália, Portugal, Áustria, Alemanha, Holanda, Japão e Dinamarca.E mais cara que a de 21 países: Islândia, Luxemburgo, Irlanda, Reino Unido, Espanha, França, Suécia, Turquia, Finlândia, México, Polônia, Noruega, Hungria, Coréia, Grécia, Estados Unidos, República Tcheka, República Eslováquia, Nova Zelândia, Austrália e Canadá.