Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio – O país precisa de um planejamento amplo para geração de energia renovável, defende o físico Luiz Pinguelli Rosa. Ex-presidente da Eletrobrás, Pinguelli acredita que o governo federal dá muito peso às termelétricas, que seriam mais poluentes que as hidrelétricas. Também deveriam ter prioridade o biocombustível e energia eólica, ressalta o atual secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia.
Pinguelli participou hoje (17) de um debate para avaliar o resultado da primeira etapa do Leilão de Energia Nova, realizado pelo governo federal em dezembro passado. O encontro foi promovido pelo Programa de Planejamento Estratégico da Coordenação de Pós-Graduação em Energia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
No leilão, foi autorizada a instalação de 13 novas usinas, das quais apenas sete eram hidrelétricas, um número considerado baixo pelo físico. Segundo ele, 17 projetos de hidrelétrica chegaram a concorrer, mas apenas estas sete teriam sido habilitadas e licenciadas no leilão.
"O governo teria de cuidar melhor disso e ter uma proposta mais clara para o futuro do país no campo energético, em particular da energia elétrica. Nós até poderíamos dizer que o Brasil está indo ao contrário do que se procura no mundo inteiro, que é a direção da energia renovável. O Brasil está saindo da energia renovável e indo para a energia fóssil", alertou Pinguelli.
Pinguelli explica que uma das barreiras que devem ser superadas é a licença ambiental para usinas hidrelétricas, que enfrentam mais dificuldades para ser implantadas do que as termelétricas. Estas últimas, na opinião do especialista, são muito mais poluentes.
"Não há a mesma preocupação, até este momento, no país, com relação à essas usinas termelétricas muito poluentes. Isso é falta de uma política de governo capaz de negociar certos objetivos claros e convencer a sociedade de que esses objetivos eram corretos", disse.