Petrobras frustra previsões e mantém domínio do setor, diz Pinguelli

16/10/2005 - 12h06

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio – A estratégia da Agência Nacional do Petróleo de promover leilões de áreas de exploração de petróleo e gás natural não vem beneficiando o país, avalia o físico Luiz Pinguelli Rosa. "Os leilões de áreas não trouxeram os benefícios que deles se esperava e ainda podem vir a comprometer as nossas reservas", disse Pinguelli, que foi presidente da Eletrobrás entre 2003 e 2004.

A ANP inicia esta semana a 7ª rodada de licitações de áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural. "A participação internacional foi e ainda é muito pequena em relação à da Petrobras, que é quem de fato está levando o país a auto-suficiência. Majoritariamente, os investimentos são da Petrobras e não conseqüência das licitações", afirma Pinguelli.

Para o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), essa ineficácia dos leilões na atração de investimentos é conseqüência do fato de a Petrobras dominar completamente a tecnologia necessária à exploração de petróleo em águas profundas.

Na avaliação de Pinguelli, o atual panorama de manutenção do domínio da Petrobras no mercado mostra que estavam errados os que avaliavam, nos anos 90, que a empresa teria dificuldades para se manter num mercado aberto. "Todos os vaticínios de Roberto Campos foram em vão. A Petrobras não desmoronou, ao contrário está mais atuante do que nunca", conta ele, aludindo ao ex-ministro do governo militar que é considerado um dos principais expoentes do liberalismo econômico no país.

"A Petrobras está muito mais atuante e até foram os próprios grupos estrangeiros do petróleo que procuraram a estatal brasileira para fazer parcerias", diz Pinguelli. Para o físico, hoje, é tal o domínio da Petrobras que ela não precisaria fazer parcerias. "Ela é forçada às parcerias por uma decisão de governo. E isso aconteceu na época do governo Fernando Henrique Cardoso e continua acontecendo agora com o do presidente Lula. Obrigam a Petrobras a fazer as parcerias inclusive em áreas onde ela poderia atuar sozinha", avalia ele.