Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil
Rio - A chacina de Vigário Geral ocorreu na madrugada do dia 30 de agosto de 1993. Na ocasião, 21 pessoas da comunidade, todas sem antecedentes criminais, foram executadas por um grupo de 50 homens mascarados, armados com metralhadoras, escopetas, pistolas e granadas, que invadiram a favela atirando nas primeiras pessoas que encontraram.
A chacina teria sido motivada pela morte de quatro soldados do Nono Batalhão da Polícia Militar, que tinham sido mortos, um dia antes, na Praça Catolé do Rocha, um dos acessos à favela. As vítimas foram mortas, em sua maioria, com tiros na cabeça. Isso levou a polícia a acreditar que o grupo era formado por policiais militares, que teriam ido à favela vingar a morte dos colegas.
Entre os mortos, sete conversavam dentro de um bar e outros oito faziam parte de uma família de evangélicos.
Os organismos internacionais de Defesa dos Direitos Humanos se indignaram com o massacre e pediram providências rápidas às autoridades. As investigações apontaram que os autores eram policiais militares, a maioria servindo no Nono Batalhão da PM. Mais de 50 militares foram denunciados pelo Ministério Público, sendo que até hoje somente nove foram condenados.
Dois morreram antes de serem julgados, 13 foram absolvidos e outros 19 policiais foram incluídos num segundo processo, mas também absolvidos por falta de provas. No processo da chacina de Vigário Geral só falta ir a julgamento o ex-PM Leandro Marques de Souza, o "Bebezão", que está foragido.
O grupo de militares que realizou a chacina era conhecido dos moradores da Favela de Vigário Geral pelo modo que agia. Eles eram chamados de "Cavalos Corredores" porque entravam na favela correndo, atirando e aterrorizando a comunidade.
Na residência onde morreram os oito evangélicos foi criada a organização não-governamental
"Casa da Paz", com a finalidade de dar assistência aos jovens. A instituição presta serviços de inclusão de jovens no mercado de trabalho com vistas a retirá-los do caminho das drogas.
Os jovens da comunidade de Vigário Geral também se destacam na área cultural, com o projeto Afro-Reggae, que já completou dez anos e com sucesso até no exterior.
Hoje (23), a Justiça do Rio condenou os ex-policiais militares Paulo Roberto Alvarenga e José Fernandes Neto acusados da participação na chacina de Vigário Geral. Eles foram condenados pelos crimes de homicídio duplamente qualificado. Os dois ex-militares já tinham sido condenados no primeiro julgamento, mas apelaram para um novo júri.