Saddam foi preso na região em que nasceu

14/12/2003 - 13h23

Brasília, 14/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ex-ditador Saddam Hussein nasceu em 1937 na região de Tikrit, a mesma onde foi capturado na noite de ontem pelas tropas de coalizão. Dentro da sociedade religiosa, a família Hussein é de tradição sunita, portanto, faz parte da elite iraquiana.

Enquanto cursava a faculdade de Direito, ele se filiou ao partido Baath, que chegou ao poder por um golpe de Estado em 1963. Nessa época, Saddam casou-se com uma prima de primeiro grau, Sajida, com quem teve cinco filhos, três mulheres e dois homens. Em 1979, ele chegou ao trono de Bagdá.

Ao expulsar do Iraque o aiatolá iraniano Ruholla Khomeini, depois de um exílio de 13 anos, Saddam atraiu o ódio dos muçulmanos xiitas. Khomeini convocou o povo a lutar contra o Baath e, em resposta, o Iraque expulsou mais 40 mil xiitas do seu território e executou o aiatolá Mohammed al-Bakr Sadr, aliado de Khomeini. Era o início de uma guerra que durou oito anos entre os vizinhos Irã e Iraque e deixou centenas de milhares mortos.

Dois anos após o cessar fogo entre Irã e Iraque, Saddam ordenou a invasão do Kuaite, o vizinho do sul. Em janeiro de 1991, os Estados Unidos decidiram defender o Kuaite e deram início à operação "Tempestade no Deserto", que derrotou o já enfraquecido exército iraquiano e impôs um duro embargo econômico ao país. Diante da negativa de Hussein em cumprir uma das condições da rendição iraquiana na Guerra do Golfo, a de abrir o território para busca de possíveis armazéns de armas, os Estados Unidos ocuparam o país em 19 de março de 2003. Em julho, soldados norte-americanos mataram os dois filhos do líder refugiado.

A população iraquiana ainda está dividida sobre o homem que governou o Iraque com mão-de-ferro nos últimos 24 anos. Para alguns, ele é herói; para outros, um tirano. A minoria curda, por exemplo, apóia os Estados Unidos porque foi sistematicamente dizimada pelo líder nos últimos anos. Os leais ao antigo regime – entre cinco e 50 mil pessoas –, ainda promovem a resistência ao antigo ditador e já mataram centenas de pessoas desde que a fase principal de conflitos foi encerrada em 1º de maio.