Polícia investiga causa da morte de quatro bebês em hospital no Rio

10/10/2013 - 23h15

Da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A Polícia Civil está investigando as causas da morte de quatro bebês no Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no centro do Rio. As mães deram entrada no hospital no último dia (4) e os bebês ficaram internados na UTI Neonatal, mas morreram três dias depois.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que lamenta o ocorrido e que a direção da maternidade está à disposição das famílias para prestar os esclarecimentos sobre o atendimento e "que todos os óbitos materno infantis são investigados por comissões, tanto na unidade onde o fato ocorreu quanto na SMS".

A maternidade esclareceu à secretaria que a paciente, Mayara da Silva Rosa, foi internada na noite do dia 4 em trabalho de parto. Ela foi encaminhada ao Centro de Parto Normal e assistida pela equipe obstétrica do hospital, com avaliações periódicas da vitalidade fetal. A equipe médica decidiu fazer a cesariana ao constatar a presença de líquido meconial espesso. O bebê foi encaminhado à UTI Neonatal, mas morreu no dia 6.

A outra paciente, Carla Marins da Silva, segundo a secretaria, deu entrada na unidade no dia 4, após rompimento da bolsa, mas sem estar em trabalho de parto. Ela foi internada para acompanhamento com cardiotocografia para avaliação do bem-estar fetal, com padrão tranquilizador, quando apresentou evolução espontânea do trabalho de parto e, às 13h45 do mesmo dia, ocorreu nascimento, de parto normal, que evoluiu com síndrome de aspiração meconial. O recém-nascido foi internado na UTI Neonatal e morreu no dia 7. Outros dois casos também estão sendo investigados pela polícia.

A Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro (SGORJ) informou que vai encaminhar para o Ministério Público Estadual e para o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) uma carta formal pedindo a investigação dos casos de mortes de bebês na unidade hospitalar.

A conselheira do Cremerj e obstetra Vera Fonseca disse que a cesariana não tem risco e deve ser feita no momento correto. "A gente sempre prioriza que o acompanhamento do trabalho de parto se faça com precisão e seja feito por médicos especialistas. A cesária não tem risco e ela é colocada como vilã, mas ela quando feita no momento correto, salva a vida da mãe e do feto. A indicação da cesária deve ser precisa e feita na hora certa. Se o parto normal houver alguma intercorrência, a cesária é indicada para não ocorrer o sofrimento fetal", explicou Vera.

Ainda de acordo com Vera, "tem partos que demoram 12 horas e acontecem bem, outros que demoram menos tempo e têm problemas. O acompanhamento do parto deve ser feito com a maior atenção possível. A gente deseja que todas as maternidades tenham uma equipe completa para os partos", disse.

De acordo com a delegada Karina Regufe, da 5ª Delegacia de Polícia  (Mem de Sá), responsável pelo inquérito, os exames de pré-natal estão sendo analisados e testemunhas estão sendo ouvidas. As documentações das mães e dos bebês foram solicitadas ao hospital para que sejam encaminhadas à perícia. A policial também solicitará as escalas de plantão dos dias em que as mães estiveram lá, para que os funcionários que as atenderam sejam intimados para prestar depoimento. Ainda segundo a delegada, um inquérito foi instaurado e as investigações estão em andamento.

Edição: Fábio Massalli

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