Belford Roxo tem segundo maior índice do país de internações por diarreia

22/03/2013 - 8h48

Akemi Nitahara *
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Belford Roxo, na Baixada Fluminense, tem a segunda maior média do país de internação por diarreia, com 367,1 por 100 mil habitantes, atrás de Ananindeua, no Pará. É o que mostra a pesquisa Esgotamento Sanitário Inadequado e Impactos na Saúde da População, feita pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Instituto Trata Brasil, com dados de 2008 a 2011.

O estudo, que avaliou os 100 municípios mais populosos do país, mostra que, em 2011, 66,1% das internações foram de crianças, o que colocou a cidade na 11ª posição dentre os piores resultados. No período, o Sistema Único de Saúde (SUS) desembolsou R$ 138.375/100 mil habitantes, o segundo maior gasto do país. Os dados de 2010 mostram que 39,3% do esgoto da cidade eram coletados e apenas 2,21%, tratados, a sexta pior colocação entre as cidades analisadas.

Pelas ruas de localidades como Jardim São Francisco e Jardim Xavantes, visitadas ontem (21), há muita lama, água suja, ruas sem asfalto e muito esburacadas, lixo por toda parte, valão sujo e falta de iluminação, além do mau cheiro. A cabeleireira Jaciara Batista, de 44 anos, diz que a falta de cuidado com a cidade afasta os clientes. “Já falamos com o prefeito e a desculpa dele é que é impossível resolver tudo de uma vez. É muita poeira, muita doença, muito bicho, o risco é grande”

A comerciante Rosângela Moreira, de 35 anos, conta que também tem prejuízos com os fornecedores. “As empresas não querem entregar os produtos aqui por causa dos buracos. A falta de produto acaba afastando as pessoas. Quando chove empoça muita água, fora os bichos. Tem muitos ratos”.

Aos 70 anos, a dona de casa Maria do Nascimento mora há 42 anos perto do Rio Botas e diz que já foi até picada por cobra. “O mau cheiro que fica dentro de casa, a quantidade de ratos, de cobras. Nesses dias, que abriu um solzinho, você olhava ali para o canto e não via apenas uma cobra, via várias”, conta. Além disso, ela relata que, nas cheias, a água invade as casas.

“Todo ano a prefeitura diz que colocará manilha para resolver um pouco o problema das cheias, mas abre a vala e nunca resolve nada, apenas piora. Pedimos a um vereador na época de eleição, ele colocou três caçambas e compramos mais duas para poder elevar um pouco a nossa casa para entrar menos água, porque enche a vala, e ela entorna para trás, acaba entrando na casa”.

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Edição: Tereza Barbosa

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