Diretora nega pressão para alterar projeto da Copa e diz que ministério vai abrir sindicância

24/11/2011 - 20h41

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Gomide de Faria Vianna, disse hoje (24) que não houve pressão para alterar o parecer técnico de um projeto de infraestrutura da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá (MT).

Reportagem publicada na edição de hoje de O Estado de S. Paulo diz que um documento forjado pela diretora, com autorização do chefe de gabinete do ministro, Cássio Peixoto, adulterou o parecer técnico que vetava a mudança do projeto do governo de Mato Grosso de trocar a implantação de uma linha rápida de ônibus (BRT) pela construção de um veículo leve sobre trilhos (VLT).

“Não houve pressão de maneira nenhuma [para mudar o parecer técnico]. Essa análise é uma análise de praxe, que a gente debate internamente no governo”, disse. “O Ministério das Cidades faz toda a análise técnica, a gente debate conjuntamente. Eu e o doutor Cássio fazemos parte do G-Copa, portanto, a gente está sempre conversando sobre todos os projetos que envolvem análise”, completou.

De acordo com a diretora, a nota técnica foi revisada porque continha vícios de linguagem e opinião pessoal e porque era subjetiva. Não era, segundo ela, uma nota técnica que representava a opinião da diretoria e do Ministério das Cidades. Para Luiza, a revisão do documento foi “inadvertidamente” colocada como se fosse a posição a diretoria.

A diretora acrescentou que a alteração de modal de BRT para VLT, no caso específico de Cuiabá, trará benefícios à população. Um dos argumentos mais fortes apresentados pelo governo do estado é o de que o VLT exige menor número de desapropriações – elemento considerado importante na análise de um modal.

Sobre os gastos adicionais da mudança de modal, Luiza disse que não vai representar ônus para o governo federal. O recurso originalmente aportado como participação do estado na obra de Cuiabá era R$ 423 milhões e, segundo a diretora, vai permanecer o mesmo. As denúncias publicadas pelo jornal indicam que, com a alteração, os custos seriam elevados para R$ 1,2 bilhão.

“De jeito nenhum [houve fraude]. Estou absolutamente espantada com essa situação que estou vivendo. A gente trabalha de uma maneira absolutamente transparente, totalmente de boa fé”, disse. “[O episódio foi] Uma quebra de confiança. A princípio, uma quebra grave confiança, que justifica sindicância. E o ministro já providenciou a solicitação dessa sindicância, para entender tudo isso”.
 

Edição: Rivadavia Severo