Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), protestaram na noite de hoje (17) nas ruas do centro de São Paulo para pedir o esclarecimento da morte de Kaique Augusto. O adolescente de 16 anos foi encontrado morto após passar a noite do último sábado (11) em bares com amigos. O caso foi registrado pela Polícia Civil como suicídio. No entanto, a família e amigos do jovem dizem que o corpo apresentava sinais de tortura.
A passeata que saiu do Largo do Arouche, onde Kaique foi visto pela última vez no início da manhã de domingo (12), também foi um protesto contra a homofobia. A suspeita é que o adolescente foi assassinado por ser homossexual. “Nós queremos lembrar ao governo de que é preciso criminalizar todas as fobias: homofobia, transfobia, bifobia”, disse um dos organizadores do protesto, Gedilson dos Santos.
O cartunista Laerte Coutinho, que nós últimos anos adotou uma identidade feminina, disse estar “horrorizada”com a brutalidade do crime. “Toda essa estrutura executiva, legislativa e judiciária precisa estar atenta e compreender que a luta anti-homofobia, antitransfobia não é uma coisa que diz respeito só a uma parcela da sociedade, diz respeito a todo mundo. Não há uma sociedade que possa se dizer livre e exercer a democracia plena, se não contemplar todas essas possibilidades”, ressaltou.
Amigo de Kaique, que esteve com ele até a manhã de domingo, o estagiário de contabilidade Tiago Duarte disse que o adolescente parecia muito feliz e não dava sinais de que quisesse tirar a própria vida. “A gente se encontrou por volta de 1h, na balada. Ficamos a noite toda andando para lá e para cá, conversando. Ele estava muito feliz, não mostrava nenhum sinal de que pudesse se suicidar”, disse o jovem que esteve com Kaique até as 6h. “Era uma pessoa bem carismática, alegre. Adorava cantar. Sempre gravava vídeos [e postava] no Youtube cantando”, enfatizou, falando sobre o temperamento do amigo para explicar porque não acredita na hipótese de suicídio.
“A gente veio aqui para provar para o mundo inteiro que não foi suicídio, que ele foi assassinado. A gente veio pedir justiça para ele e para que não se repita”, ressaltou emocionado um dos amigos de Kaique, Diego Estevão ao cobrar investigações rigorosas para o crime.
Edição: Fábio Massalli
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