Carolina Sarres *
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Instituto Sul-Africano para as Relações entre as Raças considerou hoje (6) que a morte do ex- presidente Nelson Mandela não vai afetar o relacionamento entre as diferentes comunidades no país.
“A morte de Nelson Mandela não vai desestabilizar as relações raciais no país, contrariamente a alguns receios já manifestados”, disse a responsável pela área de investigação do Instituto de Estudos Sociológicos, que analisa desde 1929 as relações entre comunidades sul-africanas, Lerato Moloi.
De acordo com ela, os sul-africanos mantêm hoje “relações apaziguadas”, mesmo com Nelson Mandela afastado da vida política nos últimos anos. Para Lerato, a morte do primeiro presidente negro da África do Sul pode reforçar o sentimento de coesão nacional e racial que existe em vários setores da sociedade.
Para o professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Pio Pena Filho, a morte do líder não provocará mudanças na sociedade sul-africana ou em seu entorno.
"[A morte] não muda nada porque ele já estava fora de cena. O que fica agora é um vazio por conta da ausência dele, que foi um exemplo de líder de alcance mundial, pelo carisma e pelo exemplo de vida", explicou o especialista em história da África.
Segundo ele, não houve no século 20 um líder mundial com as características de Mandela e com a mesma expressão. "Ele representou a luta contra a desigualdade, a injustiça, o racismo e, sobretudo para o continente, a democracia - o que, para a África, é muito importante. Deu exemplo de um líder que assumiu a Presidência e passou o bastão para a frente por meio de eleições, paz e negociação.
O professor da UnB lembrou que líderes contemporâneos a Mandela tiveram reconhecimento, porém como homens de guerra, não de paz. "Em um século marcado por lideranças como [Adolf] Hitler, [Josef] Stálin, Mao [Tsé Tung],[Ronald] Reagan e o próprio [George] Bush -, ele não fez a guerra. Ele fez a paz. Não há um líder assim. Talvez alguém como [Mahatma] Ghandi", informou o especialista.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, lamentou hoje a morte de Mandela e o descreveu como um "verdadeiro gandhiano".
*Com informações da Agência Lusa
Edição: Graça Adjuto
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