Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Cerca de 30% da obra do estádio do Corinthians vão ficar interditados após o acidente acontecido no início da tarde de hoje (27) e que provocou a morte de dois funcionários. A informação foi divulgada pelo ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez.
Segundo Sanchez, ainda não é possível dizer o que provocou a queda do guindaste. “As autoridades públicas vão investigar isso nos próximos dias. Mas estruturalmente afetou muito pouco, não foi nada de estrutura. Foi uma peça [que caiu], semelhante à peça que há uma semana, com o mesmo peso, a gente já tinha posto no prédio norte”, disse Sanchez.
Frederico Barbosa, gerente operacional da Odebrecht, empresa responsável pela obra, também garantiu que a estrutura não sofreu nenhum comprometimento. “Houve danos em uma parte do prédio, mas nada que comprometa a segurança da estrutura em si, sua estabilidade”, explicou.
No momento do acidente, uma pessoa estava operando o guindaste que caiu. “Tinha um operador, mas ele saiu do equipamento e não sofreu nada. Ele estava operando [no momento]”, explicou Barbosa. A operação estava correta. O guindaste içou a peça, realmente. É parte do procedimento, que estava em evolução. Nada fora do que estava programado. A paralisação foi definida por todos. Esperamos o momento ideal. Tinha acabado de chover. Esperamos uma semana para fazer os procedimentos. As condições estavam ideais. Agora é apurar o que houve, para termos uma resposta correta [sobre o que aconteceu]”.
Segundo Sanchez, dois funcionários morreram no acidente: o motorista do caminhão Fábio Luiz Pereira, 42 anos, casado e que tinha três filhos, e o operário Ronaldo Oliveira dos Santos, 44 anos, separado e pai de uma filha. Pereira estava no caminhão que foi esmagado pelo guindaste, enquanto Santos estava tirando um cochilo em seu horário de almoço, em um túnel que cedeu por causa da queda da máquina. “O funcionário do caminhão fazia parte da operação de subida do guindaste”, disse o ex-presidente do Corinthians.
“É com muita tristeza e muita lamentação que a gente vem aqui comunicar o falecimento de dois colaboradores do estádio do Corinthians”, disse Sanchez, que estava no estádio quando o acidente aconteceu. “Estava em uma sala do Corinthians quando comecei a ouvir o barulho”, disse. “Queríamos que vocês entendessem a dor que estamos sentindo. Estamos todos muito abatidos. Vamos dar toda a assistência e tudo o que pudermos fazer [para as famílias]”.
Após o acidente, todos os funcionários foram dispensados do trabalho. “Vamos fazer dois ou três dias de luto. Depois vamos ver o que fazer”, disse Sanchez.
O ex-presidente do Corinthians não quis comentar se o acidente vai interferir no cronograma da obra do estádio, que foi escolhido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para sediar a partida de abertura da Copa do Mundo de 2014. “Neste momento não estou nem pensando nisso. As autoridades vão fazer a perícia e vistoria que devem ser feitas. Provavelmente vão interditar ali, por um tempo, 30% do prédio leste. O que menos estamos preocupados é com cronograma e prazos. Estamos preocupados em dar satisfação a vocês e preocupados em atender às famílias das vítimas”, disse Sanchez.
De acordo com um funcionário da Odebrecht, que preferiu não se identificar, a peça que seria instalada no estádio pesava cerca de 420 toneladas. O guindaste, segundo ele, é uma torre de 114 metros, “o maior em operação no Brasil”. O ex-presidente do Corinthians informou que o guindaste suportava até 1,5 mil toneladas.
Edição: Fábio Massalli
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