Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) disse hoje (27) que os aumentos da taxa básica de juros (Selic) estão freando o crescimento da economia brasileira. “Trata-se de um aumento equivocado, pois em 2013, enquanto os países emergentes devem registrar crescimento de 4,5%, o Brasil registrará um crescimento próximo de 2,5%. Isso é muito menos do que precisamos”, destaca a nota assinada pelo presidente da federação, Paulo Skaf.
“Essa política econômica não funciona mais. Se queremos resultados diferentes, precisamos fazer diferente. O Brasil precisa de um novo foco na política econômica: maior controle dos gastos, mais investimento público, mais concessões e menores taxas de juros”, acrescenta o texto da Fiesp sobre o sexto aumento consecutivo da taxa feito hoje pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central que elevou os juros para 10% ao ano.
Para a Força Sindical, os juros altos devem prejudicar a geração de empregos. “Esta opção trará consequências prejudiciais ao consumo, à produção e ao emprego. A medida demonstra a falta de convicção do governo com relação ao crescimento econômico e, sobretudo, com relação ao desenvolvimento econômico. Para a Força Sindical, a política monetária precisa ser subordinada ao projeto de desenvolvimento do país e não o contrário”, destacou o presidente da central sindical, Miguel Torres, em comunicado.
Na avaliação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), não há razão para o novo aumento dos juros. “A inflação está controlada e o câmbio, estável. Também não há motivos consistentes para avaliações pessimistas sobre os rumos da economia em 2014, como alguns setores econômicos têm feito para pressionar o governo e levar vantagens. O que vemos outra vez é transferência de bilhões de reais de recursos públicos para as instituições financeiras”, diz a nota da entidade. “Essa política de juros altos, portanto, não só joga contra o desenvolvimento econômico e social do país como aumenta a concentração da riqueza em um país que é um dos 12 mais desiguais do planeta".
A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad) ponderou que apesar da elevação dos juros ser um “remédio amargo”, é necessária “ porque sabemos que, a esta altura, deixar o caminho livre para a inflação poderia ser ainda mais danoso”. Para a associação, no entanto, as pressões inflacionárias são causadas por um descompasso entre a oferta e a demanda. “Faltam condições e incentivos para a indústria nacional produzir com custos competitivos, falta viabilizar investimentos, falta modernizar a infraestrutura, falta dar agilidade às questões burocráticas que emperram as empresas, além de simplificar o cipoal tributário”, pontua o texto divulgado pela entidade.
Edição: Fábio Massalli
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