Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou medidas para reforçar o combate ao crime organizado. Entre elas, a criação de uma força-tarefa, que atuará de forma integrada para obter informações de inteligência que auxiliem investigações. O grupo será formado por representantes das secretarias da Segurança Pública, da Administração Penitenciária e as polícias Civil e Militar.
Ele anunciou também a formação de uma equipe especial da corregedoria para investigar os casos de policiais ligados à organização criminosa autodenominada Primeiro Comando da Capital (PCC). Disse que apoia a remoção dos chefes para presídios do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). O governador se reuniu hoje (14) com a cúpula de segurança do estado para definir ações diante das denúncias do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) envolvendo a organização o PCC.
O MP-SP denunciou 175 pessoas por participação no grupo criminoso que age dentro e fora das penitenciárias do estado. A denúncia, feita em 11 de setembro e divulgada na última sexta-feira (11), atribui aos acusados a prática de crime de formação de quadrilha armada para o tráfico de entorpecentes, crimes contra o patrimônio e contra a vida de agentes públicos, além da aquisição, posse e manutenção de armas de fogo. Os promotores pediram a prisão preventiva de todos os denunciados, mas a Justiça indeferiu a solicitação. O MP-SP recorreu da decisão.
Participaram da reunião no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista, o secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, o comandante da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Maurício Blazeck e o secretário de Administração Penitenciária, Lourival Gomes.
Grella disse que recebe amanhã (15) o conteúdo das investigações do MP-SP para começar a tomar providências com relação aos policiais corruptos ligados à facção criminosa. O secretário informou não ter conhecimento sobre o número de policiais envolvidos com o crime, mas que, em 2013, foram mais de 100 homens afastados por práticas ilegais, somando policiais civil e militar.
Alckmin mostrou apoio do governo à transferência dos líderes do PCC para os presídios de segurança máxima, onde é adotado o temido RDD. “O governo tanto apoia, que o pedido foi da Secretaria de Administração Penitenciária. Nós fizemos as penitenciárias para líderes de facção criminosa”, declarou.
Segundo Grella, existem 33 pedidos de transferências para o RDD. Ele disse que, no caso de o pedido ser negado pela Justiça, o estado não cogita pedir transferência para presídios federais.
O governador destacou outras medidas para combater as ações do PCC, como a criação de uma força-tarefa, que executará ações de inteligência entre as policias. Alckmin disse que até dezembro serão instalados, em 23 unidades prisionais, os bloqueadores de celulares. De acordo com ele, o processo de compra dos bloqueadores deve terminar em novembro e que, no final do ano, começa a instalação.
O governador informou que testes com os bloqueadores foram feitos com auxílio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), nos presídios de Pinheiros, Belém e Guarulhos. O que impedia a instalação dos aparelhos, disse o governador, era a falta de tecnologia. “Nunca teve tecnologia adequada, ou não bloqueava ou bloqueava o bairro inteiro”, declarou ele.
O comandante da PM informou que não pretende mudar a ação da polícia durante protestos, diante das denúncias de que o PCC esteja infiltrando criminosos nas manifestações de rua com o objetivo de atingir os policiais. "Não acredito que haja líderes infiltrados nas manifestações", disse ele.
Edição: Beto Coura // Matéria alterada às 16h27 para acréscimo de informações.
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