Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O projeto executivo de reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz foi entregue hoje (10) ao comandante da Marinha, o almirante de esquadra Julio Soares de Moura Neto, pelo arquiteto Fabio Henrique Faria, do Estúdio 41, de Curitiba. O projeto foi o vencedor do concurso internacional promovido pela Marinha e coordenado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). A nova estação substituirá a que foi destruída por um incêndio em fevereiro do ano passado.
Para o comandante Julio Moura Neto, a nova estação reafirma a intenção do Estado brasileiro de “permanecer na Antártica e participar, diretamente, das decisões sobre o seu futuro”. A região tem importância significativa, na medida em que influencia o clima do mundo inteiro, “principalmente, o clima brasileiro”, disse.
O projeto executivo, feito pela equipe do Estúdio 41, será revisto agora pelos engenheiros e técnicos da Marinha, prevendo-se ainda este mês o lançamento do edital para a construção da estação, cujo valor é estimado em torno de 40 milhões de euros, informou Moura Neto. Com a variação cambial, o custo poderá atingir R$ 100 milhões, admitiu. Entre dezembro deste ano e janeiro de 2014, será feito o levantamento geotécnico do solo, onde ficará a unidade de pesquisas. A perspectiva é que a pedra fundamental seja lançada em março do próximo ano, dando início à instalação das fundações.
Ao longo de 2014, a estação será construída no Brasil, sob a forma de módulos. “Esses módulos vão ser montados e testados, para ver se está tudo correto”, destacou o comandante da Marinha. O cronograma prevê o transporte e a instalação dos módulos sobre as fundações entre novembro de 2014 e março de 2015, quando a Estação Antártica Comandante Ferraz deverá ser inaugurada. A licitação para construção da estação será aberta também a empresas estrangeiras, desde que estejam ligadas a grupos brasileiros, informou Moura Neto.
A nova estação, segundo ele, vai ampliar o número de laboratórios científicos. “Isso é muito importante, porque nós estamos na Antártica para pesquisas. Além do mais, é uma estação moderna, com materiais mais novos e mais resistentes”. O comandante lembrou que a estação anterior foi construída em 1984. Por isso, reiterou que o grande ganho para o país é ter uma “estação moderna, mais capacitada para apoiar a pesquisa, e mais segura também”.
O arquiteto Fabio Henrique Faria declarou que a estação terá capacidade para 64 pessoas, entre o grupo-base da Marinha e pesquisadores, durante o período de verão. “Durante o período de inverno, fica lá o grupo base da Marinha, em torno de 15 a 20 pessoas”. Os camarotes terão espaço para dois cientistas, ao diferentemente dos anteriores. “A gente está pensando em espaços mais generosos para a comunidade científica”.
Dos 103 projetos inscritos no concurso, 74 foram entregues. Para Fabio Faria, o concurso, que teve a participação de arquitetos estrangeiros, significou um desafio. “Foi aprender como fazer uma edificação para condições climáticas tão extremas, que a gente não conhece, a gente não tem acesso a esse tipo de ambiente aqui no Brasil. Acima de tudo, é um aprendizado para toda equipe de projetos de arquitetura e de engenharia”.
O edifício principal da estação terá área total de 4,5 mil metros quadrados. As sete unidades isoladas para pesquisas de meteorologia, da atmosfera, de ozônio, entre outras, somarão cerca de 500 metros quadrados. Ao todo, serão 18 laboratórios. O arquiteto destacou que a estação tem características especiais, uma pequena cidade que precisa produzir energia elétrica, baseada em fontes renováveis, e tratar todo o esgoto sanitário. “A gente não pode devolver nenhum resíduo para o meio ambiente”, disse.
Edição: Aécio Amado
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