Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – As ruas do centro do Rio voltaram a amanhecer com marcas de depredação depois de mais uma noite de protesto. Uma loja de telefonia e pelo menos quatro agências bancárias foram completamente destruídas e saqueadas nas proximidades da Câmara Municipal, na Cinelândia. Funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) e da Secretaria Municipal de Conservação (Seconserva), trabalharam desde a madrugada para reparar os danos.
Na Rua Evaristo da Veiga, esquina com Avenida Rio Branco, uma das principias da cidade, era possível ver lixeiras e placas de sinalização quebradas e jogadas no meio da rua, além de telefones públicos danificados.
Algumas pessoas ficaram feridas durante a confusão. No entanto, a Secretaria Municipal de Saúde informou que nenhum registro foi feito nas unidades hospitalares do município. A Polícia Civil ainda não divulgou o número de pessoas que foram presas durante o protesto.
A passeata, que começou no início da noite de ontem (7), foi organizada pelos professores e contou com 50 mil pessoas, segundo os profissionais de educação. O protesto seguia de forma pacífica, até chegar à Cinelândia, onde um grupo de manifestantes conhecidos como black blocs, que ignoraram a lei que proíbe o uso de máscaras, incendiaram um ônibus e depredaram mais dois. Os manifestantes também tentaram incendiar o prédio da Câmara Municipal.
A Câmara suspendeu o expediente hoje (8) para que a Polícia Técnica faça os trabalhos de perícia no prédio, que foi atingido por diversos coquetéis-molotov e teve a parte interna atingida pelo fogo. A ação foi controlada pela Guarda Municipal.
A Polícia Militar informou que um guarda municipal levou uma pedrada na cabeça quando estava em um carro estacionado na Avenida Presidente Vargas com a Rio Branco. Ele sofreu um corte na cabeça e prestou queixa na delegacia policial da Lapa. Advogados do Instituto dos Defensores dos Direitos Humanos acompanharam os detidos na polícia. A Ordem dos Advogados do Brasil também acompanhou a manifestação.
Muitos comerciantes que tiveram seus estabelecimentos fechados durante a manifestação reclamavam da falta de policiamento no entorno da Cinelândia. Foi o caso de Luiz Guilherme, que é gerente de uma lanchonete a poucos metros da Câmara Municipal.
"Todos nós ficamos revoltados com as injustiças por parte do governo do Rio, mas eu acho que quebrar as coisas não é o melhor caminho para resolver essa situação. Além disso, a polícia tem que dar proteção a todos nós que temos um estabelecimento comercial aqui no centro da cidade, estamos com um prejuízo muito grande, desde o início dessas manifestações", disse.
Para a vendedora Carolina Feubran, que trabalha em uma loja de calçados, até os clientes fiéis estão evitando frequentar a loja em dias de protesto. "Eles não vêm pra cá, com medo de serem vítimas desses mascarados. Para nós que trabalhamos com comissão [por cada venda] é muito ruim, estamos deixando de ganhar dinheiro", explicou a vendedora.
Sobre a falta de policiamento no local, a Polícia Militar não havia respondido à Agência Brasil até o fim da manhã de hoje.
Edição: Graça Adjuto
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