Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Bogotá - Após quatro dias de negociação com os integrantes do Protesto Nacional Agrário, o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos mandou suspender o diálogo e designou 50 mil homens das Forças Armadas para desbloquear rodovias e pontos de concentração em todo o país. O governo e os líderes do movimento não chegaram a acordo. Ontem (29), duas pessoas morreram e pelo menos 200 ficaram feridas em manifestações na capital Bogotá.
Em declaração hoje (30) de manhã, transmitida em cadeia nacional, Santos rejeitou os ataques de vandalismo nos protestos dessa quinta-feira. “Ordenei a militarização de Bogotá e faremos isso em qualquer zona em que seja necessário. Também enviaremos aviões das Forças Armadas para fazer pontes aéreas e garantir o abastecimento de alimentos no país”, destacou. As cidades já registram escassez de alguns produtos, como a batata e o leite.
Irritado, após ter aberto mesas de negociação sem sucesso, o presidente lembrou que “a paciência se esgota”. Ele determinou que os ministros que participam, desde terça-feira (23), da mesa de diálogo com os camponeses deixem as propostas sobre a mesa e esperem a categoria decidir.
Os protestos no país já duram 12 dias e ganharam a adesão dos centros urbanos, com a participação de profissionais de saúde, professores e sindicatos de outras áreas, como a de transportes. Ontem e hoje, vários colégios da capital suspenderam as aulas e nas regiões sul e central há dificuldade de locomoção, devido a bloqueios e marchas de manifestantes.
Santos informou que, quando estavam a ponto de fechar um acordo, “alguém estranhamente aparece e instiga os manifestantes a aumentar suas demandas. Claramente, há interessados em que não se chegue a acordo”, acrescentou.
Em plena negociação de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e a menos de um ano das eleições presidenciais, o governo enfrenta resistência com relação ao processo, tanto por movimentos de esquerda, quanto por grupos da direita colombiana, representada pelo ex-presidente Álvaro Uribe.
Em seu discurso, Santos criticou abertamente o movimento Marcha Patriótica - que reúne representantes da esquerda, simpatizantes das Farc e o Exército da Libertação Nacional (ELN).
“A Marcha Patriótica quer nos levar a um beco sem saída e nos impor sua própria agenda. Não lhe interessa os camponeses, mas sua própria agenda política”, acusou o presidente.
Edição: Graça Adjuto
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