Da BBC Brasil
Goma (Congo) – Um ataque rebelde em um vilarejo no Leste da República Democrática do Congo fez com que milhares de pessoas começassem a cruzar a fronteira com Uganda na última quinta-feira (11). Segundo as agências de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), passa de 30 mil o número de congoleses que cruzaram a fronteira desde o ataque. Porém, fontes da ONU disseram que, até a tarde deste sábado (13), o número pode variar entre 30 mil e 70 mil pessoas. Organizações humanitárias estão ainda na fase inicial de distribuição de abrigo e alimento. As pessoas cruzam a fronteira apenas com os pertences que conseguem carregar nas mãos.
O grupo rebelde Forças Democráticas Aliadas é contrário ao governo de Uganda e se estabeleceu em território do Leste congolês para operar. Quinta-feira, a milícia atacou a população civil em Kamango, na região congolesa de Beni. Rádios congolesas noticiaram o assassinato de líder local pelos milicianos diante de uma multidão, mas essas informações não foram confirmadas por fontes oficiais.
O governo do Congo tem mais tropas que as Nações Unidas na região. As forças de segurança entraram em confronto com os rebeldes e retomaram a cidade logo após o ataque. Kamango fica na província do Kivu Norte, uma das regiões mais conturbadas da República Democrática do Congo. Cerca de 50 grupos rebeldes operam na região.
A maioria das tropas das Nações Unidas ficam no sul da província, estacionadas na região da cidade de Goma, onde se concentram as atividades rebeldes. A possibilidade de deslocar reforços para o norte está sendo estudada.
Hoje o general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, comandante militar da ONU no país, deslocou um comboio de blindados e veículos leves entre Goma e Katala, a 40 quilômetros ao norte, no coração do território dominado pelo grupo rebelde M23, um dos maiores da região.