Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As manifestações que ocupam as ruas, praças e avenidas de várias cidades do país, reivindicando a redução nos preços das passagens dos transportes, criticam os gastos com a Copa do Mundo e pedem mais recursos para a educação e a saúde, foram debatidas hoje (19) no programa 3 a 1, da TV Brasil. O chefe do Estado-Maior da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Adilson Evangelista; o cientista político Leonardo Barreto; e Georgiana Calameris, uma das organizadoras da Marcha do Vinagre, movimento que participa das manifestações, falaram sobre os protestos.
"Queremos o direito de ser cidadãos, de ir e vir como cidadãos", disse Georgiana, destacando a importância das manifestações para o avanço da democracia no país. Segundo ela, a Marcha do Vinagre elaborou uma pauta que passa por projetos em tramitação no Congresso Nacional, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37, que limita o poder de investigação do Ministério Público, e a PEC 33, que submete decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) ao Congresso Nacional. Além disso, a marcha protesta contra a impunidade dos envolvidos no mensalão e defende melhorias em setores como educação, saúde e transporte.
Sobre o legado que os protestos deixarão para o país, Georgiana declarou que a intenção não é que os manifestantes sigam uma carreira política, mas que se conscientizem e se informem a respeito do que acontece no governo, no Congresso Nacional e no país. "Vamos ver em quem que a gente está votando, vamos fiscalizar o trabalho dos parlamentares. Acho justo que os movimentos continuem, acho que os movimentos devem continuar e se tiver mais gente ajudando, melhor ainda".
Leonardo Barreto destacou o fato de os protestos terem sido arregimentados longe dos partidos, reunindo milhares de pessoas em várias cidades. "Se tem tanta gente com coisa engasgada é sinal de que os instrumentos que existem: os canais tradicionais, os partidos, as eleições, não estão conseguindo dar vazão àquilo que as pessoas pensam e desejam para si", disse.
Ao ser abordada no programa a violência de pequenos grupos durante as manifestações, que cometem crimes de vandalismo e saques, o coronel Adilson Evangelista, ressaltou ser fundamental um trabalho de inteligência para combater os que participam dos protestos apenas com o objetivo de provocar a desordem. Segundo ele, a inteligência da polícia já está trabalhando identificando nas redes sociais pessoas que possam causar algum tipo de vandalismo nos protestos.
O coronel também informou que a Polícia Militar (PM) utiliza as redes sociais para calcular o contingente policial que será usado e identificar o perfil dos manifestantes, serviço que garante a segurança dos manifestantes. "Estamos em um país democrático e a democracia prevê que as manifestações podem ser feitas de forma livre, desde que sejam pacíficas. Enquanto forem pacíficas, a PM atua inclusive protegendo os manifestantes. Quando não, temos que coibir o grupo que queira praticar atos de vandalismo".
Segundo o coronel, cerca de 1.200 policiais militares estão preparados para atuar amanhã (20) na manifestação marcada para ocorrer em Brasília. Será uma presença gradativa, de acordo com a necessidade, podendo inclusive ultrapassar a estimativa. No início da manifestação, estarão a postos cerca de 300 policiais. O número de policiais é calculado de acordo com o grau de risco de ocorrência de atos violentos nas passeatas.
Edição: Aécio Amado
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