Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Autoridades do governo colombiano e integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)-Exército do Povo (EP) voltam a se reunir hoje (23) em Havana, capital cubana, para mais uma etapa de negociações em busca do acordo de paz. As reuniões, que tiveram início em novembro de 2012, ocorrem um mês depois do último encontro. O acordo tem como mediadores integrantes dos governos de Cuba, da Noruega, Venezuela e do Chile.
Em comunicado, os negociadores informaram que essa etapa das reuniões refere-se ao desenvolvimento agrário, que é o primeiro item de cinco pontos que devem estar no acordo de paz. Haverá ainda reuniões no período de 28 a 30, em Bogotá, na Colômbia. A expectativa é que cerca de 200 pessoas participem.
O acordo deve incluir os seguintes aspectos: o fim do conflito armado, uma solução para o problema das drogas ilícitas, os direitos das vítimas e os mecanismos de verificação do pacto negociado, além das questões relativas ao tema agrário.
No último dia 18, o negociador-chefe do governo, Humberto de la Calle, pediu que setores contrários ao fechamento de um acordo de paz deixem de criticar o processo. "Temos que ser capazes de resolver, em democracia, essas diferenças", disse ele.
O governo colombiano foi criticado por alguns políticos, incluindo os ex-presidentes Álvaro Uribe e Andrés Pastrana, que condenam a forma como as negociações de paz são conduzidas. Para setores do Judiciário, o marco jurídico para a paz, aprovado no ano passado, pode favorecer a impunidade.
Calle ressaltou que há vários pensamentos em "guerra", uma referência a pessoas contrárias ao diálogo com as Farc. Segundo ele, existe também quem, diante do dilema da justiça transicional (possibilidade de redução de penas e perdão), tema que ocorra maior impunidade e quem queira, em maior ou menor grau, mais severidade. De acordo com o negociador do governo, todas as ideias são válidas. "Temos que entender a discussão e assumi-la com tolerância", disse.
O processo de paz vem recebendo apoio também da comunidade internacional, como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), União Europeia e Organização das Nações Unidas (ONU). Há cinco dias, um grupo de congressistas norte-americanos entregou ao secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, uma carta de apoio às negociações de paz.
*Com informações da agência pública de notícias de Cuba, Prensa Latina
Edição: Graça Adjuto