Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Após fecharem um sentido da Avenida Paulista e da Rua Consolação, importantes vias da capital, os professores da rede estadual de ensino de São Paulo encerraram o protesto de hoje (19) na Praça da República, na sede da Secretaria de Estado de Educação. A categoria decidiu em assembleia durante a tarde entrar em greve por tempo indeterminado, reivindicando reposição salarial de 36,74%. A secretaria oferece aumento de 8,1%.
A manifestação, que teve apoio de outras categorias de servidores públicos estaduais, reuniu cerca de 5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Uma nova assembleia deverá ocorrer na próxima sexta-feira (26) para avaliar os rumos do movimento.
O percentual de reajuste oferecido pela secretaria é contestado pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). De acordo com o sindicato, 6% de reajuste estavam garantidos em uma negociação anterior, por isso, o aumento real é 2,1%. “Esta greve é porque o governador, na verdade, em vez de resolver o problema, ele acabou deixando o professores revoltados, porque ele deu 2% e mentiu, disse que é 8%. Mas 6% foram dados”, disse a presidenta da Apeoesp, Maria Isabel Noronha.
Os professores também pedem cumprimento da lei que determina que um terço da jornada de trabalho seja destinada a atividades de formação e preparação de aulas e mais segurança nas escolas. “Isso tem a ver também com a onda de violência. Toda escola em que você tem projeto antiviolência, tem ronda escolar, não tem violência. Falta do Estado, da polícia, conter esta crescente onda violência, tanto de aluno contra aluno, como contra professores”, disse Maria Isabel.
Professora há 17 anos, Edilaine Lima disse que um dos motivos de fazer parte do protesto é justamente a violência. A profissional, que leciona em Franca, disse que já foi agredida por alunos. “Fui agredida por um aluno, que me bateu, quebrou o meu dedo”. Para Graça Maria, professora em Piracicaba, o maior problema da categoria é a remuneração baixa, que leva os profissionais a se endividar. “Quase todos os professores têm empréstimos porque não dão conta de se manter. O que eles nos pagam é aviltante”, disse.
Em nota a Secretaria de Educação rebateu as críticas do sindicato e disse que os 8,1% de acréscimo propostos eleva de 42,2% para 45,1% o aumento escalonado até 2014. “Os professores da rede estadual paulista, que ganham 33,3% mais que o piso nacional vigente, passarão a ter, a partir de julho, uma remuneração 44,1% maior do que o vencimento mínimo estabelecido em decorrência da Lei Nacional do Piso Salarial do Magistério Público”, diz o comunicado. Segundo a nota, a secretaria cumpre integralmente a determinação legal das horas para atividades extraclasse. O órgão também negou que haja uma onda de violência nas escolas.
Edição: Fábio Massalli
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