Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Teve início no começo da tarde de hoje (19) o depoimento de quatro dos 26 policiais acusados pela morte de 15 detentos no episódio que ficou conhecido como Massacre do Carandiru. Dos policiais presentes ao julgamento, 20 decidiram manter silêncio, após declarar inocência. Dois acusados não foram ao Fórum da Barra Funda, zona oeste da capital.
O primeiro policial a falar foi Ronaldo Ribeiro dos Santos. Segundo ele, quando os policiais chegaram ao Carandiru, ouviram “muito barulho e estampidos, que pareciam ser disparos de armas de fogo", indicando que os detentos estavam armados, tese contestada pelo Ministério Público. A defesa insiste na tese de que eles estavam armados e que as 111 mortes decorreram de confronto entre policiais e presos.
"Nossa missão era retomar o pavimento, que estava sob o controle dos presos", disse o policial. Ronaldo Santos disse também que houve confronto entre policiais e detentos. "Assim que chegamos, fomos recebidos com hostilidade pelos detentos", falou. Segundo ele, três policiais ficaram feridos durante o confronto com os presos.
O maior massacre do sistema penitenciário brasileiro ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos e 87 ficaram feridos durante a invasão policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 do Presídio do Carandiru.
O único envolvido cujo julgamento chegou ao final, coronel Ubiratan Guimarães, foi inocentado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo em fevereiro de 2006. Em 2001, ele foi condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 prisioneiros vítimas na invasão do complexo penitenciário do Carandiru. O militar foi assassinado em setembro de 2006, em crime do qual a namorada foi acusada e depois absolvida (em novembro do ano passado), por falta de provas.
Edição: Beto Coura
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