Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A análise do relatório de avaliação das notificações da sibutramina deve ser retomada na próxima reunião aberta da diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), agendada para o dia 16. O documento chegou a entrar na pauta da reunião de hoje (8), mas um dos diretores da Anvisa, José Agenor Álvares da Silva, pediu vista para refletir melhor sobre o assunto.
Desde dezembro de 2011, a agência tornou obrigatória a notificação de eventos adversos relacionados ao uso do remédio, indicado para o tratamento da obesidade. O relatório em questão traz dados do monitoramento feito pelo órgão entre janeiro e dezembro de 2012.
De acordo com o documento, foram notificados 153 registros de eventos adversos entre 2008 e 2012, sendo 55 deles apenas no ano passado, quando a notificação deixou de ser voluntária e passou a ser compulsória. A conclusão da avaliação é que a maioria das reações adversas relatadas não é grave, já havia sido prevista e inclui pressão arterial elevada, taquicardia e alterações de humor.
O diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, se manifestou de maneira favorável ao relatório e propôs que o monitoramento do uso da sibutramina no país seja mantido por tempo indeterminado ou enquanto o medicamento permanecer no mercado brasileiro.
Para ele, os dados apresentados indicam que as medidas de controle sanitário estabelecidas pela agência se mostraram eficazes. Elas preveem, por exemplo, que pacientes e médicos assinem um termo de responsabilidade a ser apresentado com a receita no momento da compra. Profissionais de saúde também passaram a ser obrigados a informar qualquer problema apresentado pelos pacientes.
“O relatório fornece as informações que a diretoria precisa no sentido de deliberar pela permanência ou não da sibutramina nesse sistema de controle ou mesmo no mercado”, disse. “Hoje, eu diria que é mais seguro usar a sibutramina no Brasil do que antes dessa norma, porque, de fato, há uma preocupação por parte dos profissionais de saúde e de quem vai consumir em entender que é um produto de uso restrito e que, para muitas pessoas, ele pode fazer mais mal do que bem”.
Para a chefe do Núcleo de Notificação e Investigação da Anvisa, Maria Eugênia Cury, os números apresentados, apesar de representarem um aumento nas notificações, não são necessariamente um sinal de alerta em relação ao remédio. “A gente passa a ter uma linha de base que antes não tínhamos”, disse. “Mas vamos precisar de mais período [de avaliação]”, completou.
Além das notificações que constam no relatório, a ouvidoria da agência registrou outros 83 relatos que citaram a sibutramina, sendo 12 deles especificamente sobre o uso do remédio, dos quais oito sobre efeitos adversos provocados pele medicamento.
Edição: Davi Oliveira
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