Sibutramina deve continuar sendo vendida no mercado brasileiro, diz diretor da Anvisa

26/03/2013 - 22h15

Aline Leal
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A sibutramina, medicamento usado em dieta para diminuição de peso, deve continuar sendo vendida no mercado brasileiro, disse Dirceu Barbano, diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência reguladora fez um estudo sobre o medicamento e o relatório deve ser votado na próxima semana pela diretoria, mas, para Barbano, não há motivos para haver um resultado diferente.

Em outubro de 2011, a Anvisa suspendeu o registro da anfepramona, do femproporex e do mazindol e restringiu o uso da sibutramina, todos medicamentos usados para a redução de peso. Segundo Barbano, nesse período não houve um aumento no uso da sibutramina com a suspensão dos outros inibidores.

O relatório da agência apontou ainda que houve queda no número de notificações de eventos adversos, hipertensões e quadros de arritmia, relacionados ao uso de sibutramina proporcionalmente ao número de receituários.

“Está havendo uma maior vigilância por parte do profissional. O objetivo de reduzir o prazo para receita é fazer com que o médico monitore o paciente. À medida que a gente observar que o número de notificações não muda muito, a gente pode rever esse processo”, disse.

Barbano explicou que, enquanto a sibutramina foi registrada com base em estudos que comprovam a sua eficácia, a anfepramona, o femproporex e o mazindol não têm nada que ateste que funcionam, e, segundo ele, ainda existem “dados consistentes que demonstram a precariedade da segurança desses produtos”.

Hoje (26), a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados voltou a discutir o Projeto de Lei (PL) 2.431/2011, que pretende proibir a Anvisa de vetar a produção e a comercialização dos quatro medicamentos.

Barbano defendeu na comissão que os medicamentos foram retirados do mercado em defesa da saúde das pessoas. Ele ressaltou que no dia em que algum laboratório apresentar estudos adequados mostrando a efetividade desses inibidores, o produto poderá voltar a ser comercializado no país. 

A diretora do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Rosana Radominski, ressaltou que todos os medicamentos têm efeitos colaterais. “O que precisamos é balancear os riscos e os benefícios. Para Rosana, o uso adequado de medicamentos ajuda o paciente obeso a controlar a doença", disse.

Ela ressaltou que depois da suspensão dos inibidores muitos pacientes ficaram sem opção de tratamento. “Como tratar o paciente que não consegue perder peso só com mudança de estilo de vida e que não tem indicação para cirurgia?”, indagou. Segundo a endocrinologista, mais de 70% dos pacientes que fazem tratamento para obesidade não conseguem perder peso só com a mudança de estilo de vida.

 

Edição: Aécio Amado

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