Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O maior réptil voador pré-histórico da América do Sul esperou dez anos para ser apresentado ao público. Exibido hoje (20), os fósseis de um pterossauro – um dos exemplares mais completos já encontrados no mundo – ficaram engavetados no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até que pesquisadores tivessem recursos para montá-lo.
Retirados da Chapada do Araripe, na divisa entre os estados de Ceará e de Pernambuco, os fósseis só foram desincrustados de uma grande pedra de calcário doada anonimamente ao Museu Nacional, estudados e remontados nos últimos dois anos por meio de um financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O trabalho, que inclui uma réplica em tamanho real do réptil, custou R$ 100 mil e será mostrado ao público a partir de sexta-feira (22).
Segundo o coordenador da pesquisa, Alexander Kellner, as peças do pterossauro Tropeognathis cf. Mesembrinus no museu chamavam a atenção pelo tamanho e representavam 60% do corpo do dinossauro. Ao analisar os fósseis, ele constatou que o animal media 8,5 metros de uma asa até a outra, pesava cerca de 70 quilos e tinha quase todo o esqueleto e crânio preservados.
“Eu sabia que o bicho era grande. Achávamos até que era uma espécie nova, só no final da pesquisa descobrimos que não era”, disse o paleontólogo. Para efeito de comparação, ele cita que o albatroz, a maior ave da atualidade, tem 3 metros de envergadura e pesa 20 quilos - um efeito da adaptação evolutiva.
Em 2011, a descoberta recente de um pterossauro na Chapada de Araripe confirmou que os fósseis doados ao museu pertenciam a espécie Tropeognathis cf. Mesembrinus. As escavações, feitas pelas equipes do Museu Nacional, da Universidade do Cariri e do Departamento Nacional de Produção Mineral, indicam que pterossauros maiores habitaram a mesma região.
"Durante escavações, encontramos fósseis de um exemplar da mesma espécie, de um animal de 5,5 metros. Como esses ossos estavam em formação, constatamos que os animais eram da mesma espécie, mas o de lá, mais jovem”, disse.
Na parte cearense da chapada, fósseis de pteressauros, de pássaros e de peixes variados foram encontrados por paleontólogos e por moradores. Os estudiosos acreditam que, há 110 milhões de anos, a região era um lago e, pelas condições naturais, de deposito de calcário, favoreceu a preservação dos ossos dos animais em nódulos.
“Sabemos porque os fósseis dessa região estão bem preservados, mas por que a Bacia do Araripe é um dos mais importantes depósitos desses fósseis no mundo, isso requer mais pesquisa”, disse o paleontólogo.
Na mesma situação em que estava o maior réptil voador pré-histórico do hemisfério Sul, engavetado no Museu Nacional, estão milhares de fósseis doados ou encontrados pelos pesquisadores. Além da falta de recursos, os pesquisadores do órgão dizem que é necessário interesse científico profissional e a curiosidade do público.
Edição: Fábio Massalli
Todo o conteúdo deste site está publicado sob a Licença Creative Commons Atribuição 3.0 Brasil. Para reproduzir as matérias é necessário apenas dar crédito à Agência Brasil