Passeio cultural por São Paulo propõe reflexão sobre a história para mudar relação atual com a cidade

16/03/2013 - 18h11

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Conhecer a história da cidade e pensar em diferentes propostas de desenvolvimento para a metrópole são as propostas do Giro Cultural, projeto da Universidade de São Paulo (USP), que percorre monumentos e prédios históricos da capital paulista para contar diversas etapas da formação do município. "Olhando São Paulo hoje, você pode pensar que ela sempre foi desse jeito, essa metrópole imensa. [Fazer o passeio] é como desconstruir uma cidade e isso permite pensar como ela poderia avançar de outras formas", explica a socióloga Luciana Wilm, uma das mediadoras do roteiro.

O funcionário público Daniel Ananias Cabral, 30 anos, foi um dos 27 participantes que embarcou hoje (16) no passeio a São Paulo histórica. "Acho muito interessante fazer esse contraponto entre os momentos da história e as provas desses momentos que ainda persistem na cidade apesar de toda metamorfose que ela sofreu", disse à Agência Brasil. O roteiro, percorrido gratuitamente todos os sábados de fevereiro a julho, teve como primeiro ponto de parada o Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, na zona sul.

Daniel, que estudou química, mas tem grande interesse por história, relata que sente como se estivesse fazendo uma viagem no tempo. "É impressionante pensar que os barões do café viveram aqui, que nesse local passavam carruagens. É difícil visualizar isso tendo em vista o quanto a cidade cresceu", declarou, enquanto visitava a casa da família Álvares Mesquita, construída em 1902, onde hoje funciona da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, no bairro Higienópolis.

Apesar de 80% do público do Giro Cultural ser formado por paulistanos, de acordo com a coordenação do projeto, o passeio provoca um outro olhar sobre a cidade, fazendo os próprios habitantes perceberem detalhes que se perdem no cotidiano, consumido pela pressa e pela multidão. "Já tinha passado por muitos desses lugares, mas sempre há algo novo a se notar", relatou a aposentada Áurea Miyata, 66 anos. Ela ficou admirada com o desenho da coroa portuguesa feito de pedras no chão do jardim do Museu do Ipiranga.

Desde que se aposentou, há seis anos, Áurea passou a participar com mais frequência de roteiros culturais em São Paulo. "Moro aqui desde que nasci, mas a gente não conhece tudo. Faço também para divulgar a minha cidade para outras pessoas", justificou. Ela acredita que conhecer a cidade é importante para que se promova a cultura do cuidado com o espaço público. "Sabendo da história, as pessoas ficam mais atentas, mais interessadas em cuidar para preservar", apontou.

A mestre em Artes Visuais Giorgia Mesquita, também mediadora do projeto, explica que o roteiro propõe outra relação com a cidade. "A gente fala sempre que essa é uma maneira de olhar para a cidade. Existem muitas outras. Essa é uma portinha que a gente abre para que a pessoa mude a relação dela com o espaço da cidade. Ela acaba estabelecendo outra relação quando entra em contato com a história", aposta.

Além do Museu do Ipiranga, que fica no Parque da Independência, e do casarão da família Álvares Penteado, outro ponto de parada do roteiro foi o Museu de Arte Contemporânea (MAC), no Parque Ibirapuera. Durante o trajeto entre os parques, dentro do ônibus, os participantes observaram prédios que contam o processo de verticalização do município. No centro, as mediadoras destacaram os prédios modernistas projetados por Oscar Niemeyer, como Montreal (1954), Eiffel (1956) e Copan (1966).

O ponto de encontro do roteiro é a estação de metrô Alto do Ipiranga, todos os sábados, às 10h. O passeio é gratuito, mas as inscrições devem ser feitas previamente pelo e-mail girocultural@sinteseeventos.com.br.

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Edição: Lílian Beraldo

 

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