Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As escolas de samba e blocos de rua exercem função social significativa ao absorver mão de obra qualificada, disse a presidenta da Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil (Amebras), Célia Domingues, em entrevista à Agência Brasil. Fundada em 1998, a entidade atua no segmento do carnaval com a proposta de qualificar pessoas em diversas áreas e inserir esses profissionais no mercado de trabalho.
A associação criou um banco de negócios e de oportunidades e fornece mão de obra capacitada às escolas de samba de todos os grupos, a produtoras de eventos, ateliês e empresas. Durante o ano, a associação coloca no mercado 62% da mão de obra que forma. Nos 15 anos de existência, a entidade já formou cerca de 22 mil pessoas, jovens e adultos, em diferentes profissões, como costureiras, bordadeiras, aderecistas e cenógrafos.
“Vejo um incentivo de muito valor, importante, desde que seja uma capacitação com qualidade, que aproveite essa mão de obra posteriormente, porque as escolas são empregadoras”, diz Célia. Para ela, as agremiações precisam ser organizadas o suficiente para montar um quadro mínimo de prestadores de serviço fixos, que tenham trabalho durante todo o ano, já que o número de empregados das escolas aumenta consideravelmente a partir de dezembro até o carnaval.
“Desde que ela se organize, pode manter um quadro mínimo de prestadores de serviço, de profissionais, que vão trabalhando nos barracões, desmontando alegorias e fantasias, reaproveitando material e começando uma nova produção com calma e tranquilidade, para poder ter um aproveitamento melhor de material e um carnaval mais barato”.
A preparação do carnaval envolve vários tipos de profissionais, sendo que a maior parte deles nem aparece para o grande público, embora forme um grande exército. Além de costureiras, bordadeiras e aderecistas, há seguranças, eletricistas, cenógrafos, músicos, técnicos de informática, estilistas, chapeleiras, cabeleireiros, maquiadores, modelistas, técnicos de iluminação, motoristas, decoradores, marceneiros, soldadores, entre outros.
Essas pessoas são contratadas de acordo com a necessidade das escolas. Fora da época do carnaval, elas desempenham suas atividades em outros lugares, como na produção de eventos, desfiles e peças teatrais, cenografia para televisão. “Elas acabam trabalhando em eventos que dependem também dessa mão de obra”, diz Célia.
No ano passado, devido ao incêndio que destruiu o barracão onde funciona a oficina da Amebras na Cidade do Samba, somente 300 pessoas foram capacitadas. “Mas, em 2010, atendemos a 5 mil [pessoas]”, lembra Célia. A associação também atua dentro das quadras das escolas de samba e monta oficinas em outros municípios fluminenses.
Edição: Tereza Barbosa
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