Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Enquanto milhares de foliões e carnavalescos brincam o carnaval no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, uma escola de samba diferente, formada por 160 bombeiros e 18 viaturas, garante a segurança da festa. Passando quase despercebidos pela maioria do público, eles ficam a postos ao longo da avenida, próximos à concentração e à dispersão. Alguns chegam a acompanhar a evolução da escola, bem ao lado dos carros-alegóricos, verificando qualquer possível sinal de fumaça.
Tudo isso para evitar que incêndios causem tumultos e atrapalhem o brilho da festa. Perto das arquibancadas, em grupos de três ou quatro, os bombeiros ficam atentos, prontos para entrarem em ação ao menor sinal de perigo ou ao comando enviado pelos rádios. No Sambódromo são 150 caixas de incêndio com mangueiras e esguichos, além de pelo menos 250 extintores.
Mesmo nos camarotes, que têm as medidas de segurança sob responsabilidade de quem os aluga, o papel dos bombeiros é fundamental. Eles têm de aprovar, com antecedência, o projeto de decoração do espaço, que precisa de responsáveis técnicos pela parte elétrica, de iluminação e de som. Toda a decoração precisa da aplicação de produto retardante de chamas, o que evita o alastramento rápido do fogo, em caso de incêndio. No mínimo há duas vias de acesso, com tamanho suficiente para evacuar o local em pouco tempo.
Mesmo antes da primeira escola de samba entrar na avenida, ela já teve que se enquadrar em uma série de normas de segurança, com verificação prévia pelo Corpo de Bombeiros. Assim como a decoração dos camarotes, os carros-alegóricos precisam ter sido confeccionados com materiais que receberam aplicações de produtos retardantes de chamas. Além disso, cada carro deve ter um extintor, para ser usado no primeiro combate.
Mas a preocupação com incêndio não é restrita aos bombeiros. A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) tem pessoal próprio treinado para evitar e combater as chamas. Na Marquês de Sapucaí, brigadistas da entidade ficam ligados o tempo todo em qualquer cheiro de queimado. Afinal, os carros-alegóricos atuais são um show à parte e dependem de milhares de watts de potência em equipamentos e luzes, além da parte mecânica, que garante o movimento.
O engenheiro civil Edson Marcos de Andrade é o responsável da Liesa por garantir que tudo aconteça sem problemas. Ele começa a trabalhar meses antes da festa, quando as alegorias ainda estão sendo produzidas nos barracões da Cidade do Samba, na zona portuária, e vai até o momento em que se fecham os portões atrás do último integrante na avenida.
“Todas as escolas têm brigadistas nesse período em seus barracões. E a Liesa tem sua própria brigada para atender as partes comuns da Cidade do Samba. Este ano nós também disponibilizamos um caminhão-pipa”, explicou o engenheiro. Embora pareça excesso de zelo, o objetivo é evitar o que ocorreu em fevereiro de 2011, semanas antes do carnaval, quando um incêndio de grandes proporções atingiu os barracões de três escolas: Portela, União da Ilha e Grande Rio. O fogo consumiu milhares de fantasias, parte dos carros-alegóricos e prejudicou o desfile das três escolas que, por esse motivo, desfilaram sem contar pontos, para não terem o risco de rebaixamento naquele ano. Depois disso, um novo sistema anti-incêndios foi instalado no local.
Edição: Lílian Beraldo
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